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Bancos

Boicote de montadoras derruba expectativa de negócios no Show Rural

Feira do ano passado movimentou R$ 2 bilhões de reais. | JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO
Feira do ano passado movimentou R$ 2 bilhões de reais. (Foto: JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO)

Diante do boicote das sete grandes montadoras de máquinas agrícolas do país – Case e New Holland (do grupo CNH Industrial), Valtra e Massey Ferguson (do grupo AGCO), John Deere, Agrale e Agritech – alguns bancos preveem uma queda de até 50% na procura por crédito durante o Show Rural Coopavel, que começa nesta segunda-feira (1°), em Cascavel, no Oeste do Paraná. Antes do anúncio surpresa das gigantes do setor, nos primeiros dias de janeiro, as instituições financeiras já haviam estipulado volumes de crédito semelhantes aos do ano passado.

Confiante no desempenho do Show Rural em 2015, ano em que a feira movimentou mais de R$ 2 bilhões (78% só na comercialização de máquinas agrícolas), o Sicredi aumentou para R$ 120 milhões a oferta de crédito neste ano, um acréscimo de 20%. “O montante já tinha sido decidido antes do anúncio do boicote”, revela Gilson Farias, gerente de desenvolvimento de crédito do Sicredi-PR.

Na feira passada, os associados da instituição financeira protocolaram cerca de 750 propostas, o que gerou um volume de mais de R$ 100 milhões em negócios. “Quase 70% dessas propostas foram para maquinário agrícola. O boicote vai impactar. Será um esforço tremendo, mas a nossa expectativa é chegar perto ou se igualar aos resultados do ano passado”, diz.

O anúncio do boicote também foi tarde demais para o Santander Brasil. O banco vai disponibilizar R$ 130 milhões em crédito pré-aprovado, valor quatro vezes maior ao contratado na edição passada. O superintendente executivo de Agronegócios do banco, Carlos Aguiar, diz que o volume de recursos foi estipulado com antecedência. “A ausência das montadoras com certeza vai impactar na tomada de empréstimos“, afirma.

Divergência

Mesmo sem as grandes montadoras, há quem acredite numa feira forte. A Sicoob Unicoob instituição financeira vai liberar até R$ 200 milhões em crédito. No ano passado, foram 143 propostas, totalizando aproximadamente R$ 58 milhões em empréstimos. “O impacto será mínimo [sobre a ausência das montadoras]. O evento oferece outros produtos como, por exemplo, silos, construções de galpões e equipamentos para avicultura. Além disso, as empresas de maquinário estarão atuando no evento de alguma forma e já estamos realizando um trabalho com os produtores que necessitam de crédito para esse fim”, explica.

No anúncio do boicote, Dilvo Grolli, presidente da Coopeval, organizadora da feira, disse que no ano passado [o faturamento] foi fora da curva. “A média dos últimos anos é de R$ 1 bilhão. Não temos expectativa de vendas para essa ano. Mas os negócios vão focar em sementes e defensivos. Máquinas irão representar uma quantidade menor”.

Entenda o boicote

O imbróglio envolvendo as montadoras que detêm 100% das vendas de colheitadeiras e quase três quartos do mercado de tratores no país foi atribuído à intenção de mudança na data da feira, que passaria da primeira para a terceira semana de fevereiro. Segundo as marcas, essa data inviabilizaria participação na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), entre os dias 7 e 11 de março. A organização do Show Rural voltou atrás, mas as indústrias já teriam revisado seus orçamentos.

Outra justificativa seria a negativa da cooperativa Coopavel, organizadora do evento, à proposta das indústrias de realização do Show Rural, que é anual, de dois em dois anos. A mudança reduziria custos. As indústrias tiveram queda de 34,5% nas vendas (2014/2015).

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