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Maior safra da história estoura capacidade de armazenamento nos Estados Unidos

Com 61% do milho e 76% da soja colhidos, não é raro encontrar o cereal em estoques improvisados, na beira da estrada. | Giovani Ferreira/Gazeta do Povo
Com 61% do milho e 76% da soja colhidos, não é raro encontrar o cereal em estoques improvisados, na beira da estrada. (Foto: Giovani Ferreira/Gazeta do Povo)

Mesmo que os Estados Unidos lotem todos os seus silos, ainda faltaria espaço para armazenar a super-safra que o país está colhendo em 2016. A estimativa é de que a produção atinja, aproximadamente, 500 milhões de toneladas, contando somente soja e milho. Se os estoques acumulados do último ano forem postos na balança, vai faltar armazém para tanto grão, algo que os norte-americanos não veem desde a década de 1980.

O balanço mais recente do USDA, o Departamento de Agricultura dos EUA, foi divulgado em setembro e apontava estoques de 118,3 milhões de toneladas, incluindo o trigo. A capacidade de armazenagem total está em torno de 615 milhões de toneladas.

Para Shannon Textor, porta-voz do Iowa Corn, instituição que representa os produtores de milho do estado, o país não deve ter grandes problemas para estocar a produção recorde. “Os nossos agricultores investiram em infraestrutura nos últimos anos, quando os preços estavam bons”, diz.

Mas, conforme a safra avança, os produtores já se organizam. Ao mesmo tempo em que a colheita alcança 61% para o milho e 76% para a soja, não é raro encontrar o cereal em estoques improvisados, na beira da estrada. Algo ainda mais comum no Corn Belt, onde os silos estão mais pressionados, como observou a Expedição Safra em praticamente todos os estados pelos quais passou durante mais de uma semana (Winsconsin, Illinois, Minnesota, Iowa e Indiana). Segundo o USDA, a região responde por 51,6% da produção do país, mas detém “apenas” 44,5% do potencial total de armazenamento, forçando os produtores a despejar o milho onde dá.

De acordo com o economista Fred Seamon, da Bolsa de Chicago, esse tipo de estoque não chega a ser incomum, mas, neste ano, fica mais perceptível. “O milho tem uma durabilidade maior, pode ser estocado no chão por um longo período de tempo sem perder a qualidade”, explica. “Mas é algo temporário, os produtores estão mantendo as instalações livres para outras commodities [mais sensíveis ao tempo], como a soja”, complementa.

Ainda assim, a posição dos norte-americanos é relativamente confortável, já que a super-safra teria onde ficar e a demanda segue aquecida: até o momento, os EUA já venderam para o mercado externo 61% da soja e 41% do milho cultivados no país em 2016, aumento de 10% a 15% em relação ao ano anterior, quando os preços estavam bem mais baixos.

EUA x Brasil

Outro diferencial dos norte-americanos é que, além de numerosos, os silos estão localizados próximos às fazendas, o que diminui custos. Para efeito de comparação, no Brasil, a capacidade total de armazenagem não chega 80% da safra prevista para 2016/2017, ficando na casa de 165 milhões de toneladas. Além disso, há o gasto com transporte – ou “estocar o frete”, já que os silos geralmente ficam mais afastados, perto dos portos.

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