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Embrapa se associa a startup listada entre as “que podem mudar o mundo”

Detalhe de planta de soja no Laboratório de Biotecnologia da Embrapa Soja | RR RufinoEmbrapa/
Detalhe de planta de soja no Laboratório de Biotecnologia da Embrapa Soja (Foto: RR RufinoEmbrapa/)

Uma parceria internacional com a Benson Hill Biosystems (BHB), empresa dos Estados Unidos listada entre as “30 que podem mudar o mundo em 2018”, vai possibilitar à Embrapa alcançar velocidade inédita no desenvolvimento de plantas mais produtivas e resistente a pragas e doenças.

A Benson Hill utiliza computação em nuvem, análise de big data e edição de DNA para desbloquear a diversidade genética natural das plantas. Está na lista da consultoria americana CBInsights das empresas inovadoras com potencial para ditar as tendências neste ano (“game changers 2018”).

A formalização da parceria, anunciada nesta semana, reúne o know-how da empresa brasileira líder em pesquisas para agricultura tropical com a startup desenvolvedora da “caixa de ferramentas” mais moderna que existe para edição genômica de plantas e animais. A perspectiva, segundo o pesquisador Alexandre Nepomucemo, da Embrapa Soja, “é obter em pouquíssimo tempo melhoramentos que a natureza produz, ao acaso, em milhares de anos”.

“Já temos vários alvos em mente. Por exemplo, a edição de genes para criar plantas mais resistentes à seca e a alteração de rotas metabólicas para reduzir a ação dos fatores antinutricionais e aumentar os teores de ácidos oleicos”, aponta o pesquisador. O ácido oleico, também conhecido como ômega 9, tem alta concentração no azeite de oliva e possui propriedades anti-inflamatórias, além de contribuir para a redução dos níveis de colesterol.

CRISPR 3.0

O foco principal do acordo de cooperação é o uso de uma nova versão da tecnologia Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats (CRISPR), considerada a técnica mais promissora para a edição de genomas, por sua eficiência, precisão, baixos custos e facilidade de utilização. A tecnologia da Benson Hill, batizada de CRISPR 3.0, recorre a enzimas nucleases que cortam o DNA em pontos determinados, permitindo localizar e editar genes e fazer as alterações desejadas.

“O portfólio da Benson Hill com a tecnologia CRISPR 3.0 amplia as possibilidades da Embrapa para editar o genoma de várias espécies de importância para a agricultura brasileira. Isto, aliado à expertise técnica das duas empresas, capacita o Brasil a avançar mais rapidamente no melhoramento genético de plantas, animais e microrganismos”, diz Nepomucemo.

Para Matthew Crisp, presidente e co-fundador da Benson Hill Biosystems, o Brasil representa 20% da diversidade natural do planeta. “A Embrapa desenvolveu o maior banco genético de sementes no Brasil e um dos maiores do mundo. Nossa equipe está ansiosa para se envolver com cientistas da Embrapa e alavancar e preservar a diversidade genética dessas plantas”.

A edição genética, que imita um processo natural, está ampliando rapidamente a variabilidade genética de plantas que começam a ser colocadas no mercado. “Híbridos de milho com composição modificada de amido, mais interessantes para a indústria, ou cogumelos e maçãs cujos genomas foram editados para inativação de polifenol oxidases que causam o escurecimento do tecido vegetal, gerando produtos de maior vida de prateleira, são alguns exemplos”, escreveu Alexandre Nepomuceno em artigo conjunto com o também pesquisador da Embrapa Hugo Molinari.

No caso da tecnologia CRISPR, outra vantagem, além da precisão genética, é o fato de ela permitir reforçar ou inibir determinada característica de um organismo sem a necessidade de incluir genes de outras espécies. Em janeiro, o Brasil passou a ter legislação na mesma linha dos EUA, Canadá, Argentina e Chile, que não consideram transgênicos os produtos editados genomicamente. “Isso permitirá que empresas públicas e privadas nacionais possam voltar a participar do processo de desenvolvimento de variedades com alto valor tecnológico baseado em genômica de precisão”, afirmam Nepomuceno e Molinari.

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