O setor de máquinas agrícolas projeta um crescimento de 15% para 2017, na comparação com o ano anterior, quando a fabricação de tratores foi de 43.442 unidades e a produção total de colheitadeiras chegou a 5.759 máquinas. A aposta é na safra recorde de grãos, que, conforme o Indicador Brasil da Expedição Safra, deve ultrapassar 217 milhões de toneladas, além da necessidade de renovação da frota.
No Agrishow 2017, que reúne em Ribeirão Preto (SP) as principais empresas do segmento, o tom geral é de otimismo. Após uma largada para se esquecer em 2016, a situação começou a mudar ao apagar das luzes daquele ano. Tanto que, na comparação do primeiro trimestre de 2017 com o mesmo período do ano anterior, o crescimento no segmento de tratores foi de 50% (total de 7.919 máquinas) e o aumento na produção de colheitadeiras chegou a 30%, com 1.248 unidades fabricadas. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
“Estamos num momento bastante favorável, a safra foi recorde em todos os lugares, do sul ao nordeste”, salienta o gerente da John Deere para a região Sul do país, Tangleder Lambrecht. “E o Agrishow é um termômetro para o segundo semestre, e tudo indica que vai ser bom”, complementa.
Preço das commodities
Apesar da recuperação, a queda das commodities não deixa de preocupar. Com preços considerados pouco vantajosos, produtores têm segurado mercadoria nos armazéns.
A expectativa, no entanto, é de que a necessidade no campo supere a desconfiança no mercado. “A renovação é inevitável, o produtor precisa de uma frota mais moderna, mais eficiente”, afirma o diretor de vendas da Massey Ferguson, Rodrigo Junqueira. “Hoje, nós temos um produtor mais capitalizado, com safras armazenadas, o que é um fenômeno recente. Claro, isso não reflete algumas regiões, mas na média a realidade é essa.”
“A rentabilidade do produtor é boa. Já foi melhor, é verdade. Mas continua boa. E a demanda internacional está forte”, complementa o diretor comercial da Valtra, Paulo Beraldi.
Cenário à brasileira
Para o presidente mundial da New Holland, Carlo Holambro, a recuperação do setor de máquinas na América do Sul – e principalmente no Brasil – deve, inclusive, ajudar a sustentar o mercado mundial. “Nos anos anteriores, os negócios em máquinas para a América Latina haviam sido muito baixos, enquanto a Europa, os Estados Unidos, China e Índia seguiam bem. Agora há uma inversão, prevemos um crescimento de 15% a 20% para a América Latina e o resto do mundo vai na direção contrária”, esclarece.