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Brasil monta ‘operação de guerra’ para impedir que o vírus da gripe aviária entre no país

Entre os grandes players do segmento, o Brasil é o único que jamais registrou casos de Influenza em aves. | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Entre os grandes players do segmento, o Brasil é o único que jamais registrou casos de Influenza em aves. (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

O atual surto mundial de Influenza aviária já obrigou produtores da Ásia e da Europa a sacrificar mais de 20 milhões de aves para o controle da doença. E nas últimas semanas, o vírus colocou em alerta todo o setor produtivo da avicultura no Brasil, após a confirmação de um foco no Chile, em uma fábrica de processamento de perus na região de Valparaíso, a cerca de 120 km da capital Santiago.

O Brasil é o segundo maior produtor – atrás apenas dos Estados Unidos – e o maior exportador mundial de carne de frango. Entre os grandes players do segmento é o único que jamais registrou casos de Influenza em aves. No Paraná, que concentra mais de 30% da atividade no país, a agência estadual de defesa agropecuária (Adapar) afirma que tem intensificado o monitoramento e as campanhas de conscientização junto aos produtores.

“Estamos monitorando pessoas, aves e até restos de comida, em áreas de muito trânsito, como portos e aeroportos”, reforça o diretor-presidente do departamento, Inácio Kroetz. “Estamos atualizando os protocolos de biossegurança, fazendo treinamento com produtores e técnicos. Alertas foram disparados para todas as nossas unidades”, salienta.

A preocupação tem fundamento: qualquer veículo, objeto ou até mesmo roupas podem “carregar” o vírus, além do possível contato com aves silvestres que migram do hemisfério Norte para o Sul durante o verão, onde as condições são melhores para a reprodução.

Impacto econômico

Caso o vírus chegue a uma granja, o resultado é o que tem sido visto nos países afetados nos últimos meses: milhões de aves sacrificadas, fora as consequências econômicas. “É um problema gravíssimo, principalmente para um país exportador, como nós somos”, diz Ariel Mendes, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

“Os Estados Unidos tiveram um surto entre 2014 e 2015, e foram obrigados a sacrificar 48 milhões de aves. O custo disso foi altíssimo, segundo o próprio governo cerca de US$ 5 bilhões. Além da logística de ter que isolar a área do foco num perímetro de 3 km e estabelecer uma zona de vigilância de 7 km. É uma operação de guerra mesmo”, explica Mendes.

Ariel faz parte de um grupo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que tem representantes do setor público e privado, especialmente para discutir questões relacionadas à Influenza Aviária. Nas últimas semanas, o trabalho tem sido voltado para ampliar o potencial de diagnóstico da doença, diante do surto internacional que, desde o fim do ano passado, já atingiu aproximadamente 40 países na Ásia, África, Europa, além dos Estados Unidos e do México.

A meta é, até o fim de 2017, terminar de equipar todos os seis Laboratórios Nacionais Agropecuários (Lanagros) do país, para que eles tenham capacidade de realizar testes de biologia molecular, considerados mais eficientes. O governo vai, ainda, permitir que laboratórios públicos regionais e unidades privadas também utilizem a tecnologia. Cada máquina custa, em média, R$ 315 mil.

Além disso, segundo Ariel, o Mapa vai estabelecer, já a partir das próximas semanas, um prazo de 18 meses para que as unidades comprovem que estão adequadas sanitariamente, a partir do isolamento por tela dos aviários, da instalação de arcos de desinfecção para veículos e da “blindagem” da água, para utilização, apenas, de água tratada nas granjas.

“Nenhum país está livre da Influenza, ainda mais nessa época de globalização. Mas, se o vírus aparecer, nós precisamos estar prontos para fazer o diagnóstico rápido e a eliminação dele. É isso o que os mercados esperam”, salienta o diretor da ABPA.

Para Inácio Kroetz, ainda que o foco de Influenza no Chile tenha sido classificado como de “baixa patogenicidade”, isto é, com risco mais baixo à saúde animal, a prevenção tem que ser constante. “Um dia o vírus vai chegar ao Brasil, não sei quando, onde ou o como, mas temos que estar preparados para evitar que ele seja disseminado”, frisa.

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