A palavra crise não faz parte do vocabulário do mercado de carnes nobres, que tem registrado bom desempenho, mesmo diante do fechamento de frigoríficos e demissões em massa por todo o país no mercado convencional. Segundo a Associação Brasileira de Angus (ABA), em 2015 o abate de animais da raça aumentou 21% em relação ao ano anterior, enquanto o abate total de gado caiu 9%, conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
De acordo com a CooperAliança, única certificada no Paraná pela ABA, a procura pelas carnes nobres permanece alta. “Agregamos valor ao produto e pagamos mais por isso, para atender as exigências dos clientes. Hoje, pagamos cerca de R$ 170 pela arroba do novilho hiper precoce. No frigorífico, o mesmo produto sai por R$ 150. Posso garantir que, se todos os produtores do estado produzissem angus, com bons níveis de precocidade, compraríamos de todos. A demanda é alta e a oferta está baixa”, explica o representante da cooperativa, Luiz Fernando Gueller.
Não se pode falar em crise na pecuária quando se trabalha com produto de altíssima qualidade
“Não se pode falar em crise na pecuária quando se trabalha com produto de altíssima qualidade. O consumidor que gosta de comer carne vermelha está cada vez mais atento e exigente ao tipo de produto que é vendido. E está disposto a pagar um pouco mais por isso”, afirma o administrador da Fazenda Cacique, no Oeste do Paraná, Marcos Samek.
Com um rebanho de 1,2 mil cabeças, a fazenda consegue produzir até 200 novilhos precoces da raça angus com 19 arrobas, alimentados a pasto com suplementação e abatidos entre 11 e 14 meses. “São três pilares fundamentais para garantir o desenvolvimento pleno do animal: sanidade, genética e produção. A atenção específica para cada um destes fatores irá influenciar em todo o processo”, explica o engenheiro agrônomo Paulino Takao Sakai.
Tecnologia
Para garantir boas pastagens, salienta Sakai, é preciso investir em tecnologia. “Se pegarmos a média brasileira, um boi comum leva em torno de quatro anos para ser abatido, já o angus demora um ano. É impossível alcançar este patamar sem investir em técnicas que garantam uma boa qualidade do pasto. Uma das alternativas que tínhamos era o confinamento, mas hoje trabalhamos com a integração lavoura-pecuária e temos obtido ótimos resultados”, acrescenta. Com 600 hectares, a Fazenda Cacique é considerada modelo no segmento.
Durante um evento realizado na propriedade, o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, reforçou a necessidade de atualização das técnicas de produção bovina. “Há muitos anos estamos preocupados com a rentabilidade das propriedades. A Fazenda Cacique demonstra que é possível produzir animais de forma mais rápida, rentável e em sintonia com a qualidade final do produto, além da sustentabilidade e respeito ao meio ambiente”, afirmou.