Há 20 anos, morria o coveiro da educação brasileira. Sua memória e seu legado, tragicamente, continuam mais vivos do que nunca.
O país de Paulo Freire, no último ranking divulgado pelo PISA (http://www.oecd.org/pisa), conquistou as seguintes colocações entre 70 países:
– 63º lugar em ciências
– 59º lugar em leitura
– 66º lugar em matemática
Para você ter uma idéia da abrangência do estudo, o PISA pesquisou em 2015 mais de 23 mil alunos de quase 850 escolas diferentes no Brasil.
Se você não está assustado o suficiente, saiba que 82% dos estudantes brasileiros que participaram do estudo ficaram no nível de desempenho mais baixo possível medido pelo PISA. Na média geral, estamos no 65º lugar entre os 70 países do levantamento.
Outros resultados que ajudam a compor o quadro do desempenho da educação brasileira:
Paulo Freire tem um papel central neste resultado, mas o desastre da educação brasileira não teria ocorrido sem a conivência da burocracia estatal, políticos, formadores de opinião, pais e professores. Um homem só, por pior que seja, não consegue acabar sozinho com a educação de um país inteiro.
Há um ciclo pernicioso que acorrenta o país e que deve ser atacado a partir da educação. Ensino de baixa qualidade e que ainda doutrina ideologicamente seus alunos para terem aversão ao trabalho, ao empreendedorismo, às instituições e ao que entendem por “capitalismo”, entregam ao mercado uma massa formada por indivíduos que não conseguem ajudar o país a produzir, avançar e competir externamente, muito menos ajudarem a si mesmos a conquistar o desenvolvimento pessoal e profissional para uma vida digna e plena.
Numa pesquisa realizada pelo CNT/Sensus e divulgada pela Veja (http://veja.abril.com.br/brasil/pais-aprovam-as-escolas-ruins/), 89% dos pais com filhos em escolas particulares no Brasil dizem que o dinheiro é bem gasto e estão satisfeitos com o retorno do investimento. Se o freguês está satisfeito, por que mudar? Em time que está “ganhando” não se mexe.
Os pais e responsáveis brasileiros, em sua maioria, também não vêem problemas na doutrinação ideológica que acontece em sala de aula. Nada menos que 61% deles acham “normal” que professores façam discursos politicamente engajados para seus filhos. Do lado dos professores, 78% deles concordam que é importante fazer discursos políticos porque, segundo eles, a principal função do professor é “formar cidadãos”, muito mais do que ensinar as disciplinas. A mesma pesquisa mostra que 90% dos professores brasileiros se consideram bem preparados para dar aulas.
A educação brasileira é uma tragédia. Os números são totalmente incompatíveis com um país com um dos maiores PIBs do mundo e que não está envolvido em guerras externas ou internas. A raiz do problema não é econômica, como querem os marxistas de esquerda e liberais de miolo mole, mas cultural. O Brasil sequer entende o que é educação, para que serve e o que deve ser exigido dos gestores e professores das escolas.
Educação não é apenas um “direito”, seja lá o que isso signifique. Educação é uma obrigação e uma responsabilidade. Como disse Edmund Burke, a sociedade é um “contrato” e uma “parceria entre os vivos, os mortos e os que ainda vão nascer”. Os vivos têm a responsabilidade, como fiéis depositários da bagagem cultural acumulada pelas gerações anteriores, garantir que as próximas gerações possam receber este conhecimento e passar adiante. Educação é, antes de tudo, uma herança.
O crime continuado que tem as crianças brasileiras como vítimas e que compromete diretamente o futuro do país é fruto de um acordo tácito entre governos incompetentes e ideologizados, pais lenientes e professores-militantes. O país de Paulo Freire não educa os filhos de pais e responsáveis que também não cobram as escolas, passam a mão na cabeça de filhos indisciplinados e de professores que estão mais preocupados em derrubar Temer ou aplaudir troca de sexo de criança do que ensinar matemática e português, com honrosas exceções.
A educação deveria ser a prioridade no Brasil, mas não apenas com pedidos de “mais dinheiro” para o MEC, como se o orçamento estatal para educação fosse pequeno – e ele é um dos mais altos do mundo em relação ao PIB. Na verdade, gastamos muito e gastamos mal. Mais do que discutir orçamento estatal, é preciso livrar o país da influencia nefasta do experimentalismo de ONGs bancadas por bilionários culpados que trazem manuais prontos da ONU/UNESCO e afins que vêem crianças de países em desenvolvimento como cobaias para suas perversões ideológicas.
O impacto de índices tão baixos de educação não são apenas sociais e culturais, são também econômicos. O “capital humano” explica hoje grande parte do desenvolvimento e da prosperidade de um país, outra lição que o Brasil não aprendeu ainda. A criança que não recebe educação de qualidade será um trabalhador improdutivo, com baixos salários (ou nenhum salário) e um indivíduo condenado ao ciclo de pobreza que não é quebrado por decreto ou com “mais dinheiro” para a burocracia estatal.
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