Este post não vai fazer conjecturas a respeito das prováveis causas do acidente de avião que vitimou o Eduardo Campos, então candidato à presidência da República, na manhã desta quarta-feira (13), em Santos, no litoral paulista. Isso cabe aos órgãos competentes, que farão as investigações na velocidade que esse tipo de evento despende e merece.
Vale, no entanto, esclarecer uma particularidade: a arremetida. A aeronave se chocou após arremeter sobre a Base Aérea de Santos. A arremetida, diferentemente do que pode parecer, é uma manobra que visa a segurança e não um procedimento que potencializa o risco para um voo.
Em geral, os pilotos decidem não pousar e executar o procedimento em razão da aeronave não estar estabilizada ou porque não há referências visuais com a pista, este o caso do acidente com o Cessna Citation 560XLS+ Excel. Ou seja, para evitar um desastre é que os pilotos decidem arremeter.
E quando pilotos decidem prosseguir para pouso mesmo sem condições seguras é que os acidentes ocorrem. Em 2013, um Boeing 777-200 da Asiana Airlines se chocou contra o solo depois de uma aproximação não estabilizada no aeroporto de San Francisco, nos Estados Unidos. Apenas três pessoas morreram, mas a aeronave teve perda total. A tripulação decidiu arremeter a menos de dois segundos do impacto, muito tarde.
Outro caso desse tipo ocorreu em 1998, quando um Embraer ERJ-145 da Rio-Sul se aproximava do aeroporto Afonso Pena, em Curitiba. A aproximação foi instável e a tripulação não conseguiu acertar a razão de descida ideal (a perda de altitude por minuto) e acabou se chocando com a pista. A força do contato com o solo quebrou a cauda do avião. Por muito pouco 40 pessoas não morreram. Uma arremetida certamente teria evitado esse acidente.
No ano passado, um fórum foi realizado pela Eurocontrol, pela Flight Safety Foundation e pela Associação das Empresas Aéreas Europeias para discutir especificamente a manobra de arremetida. A conclusão não foi nova, mas vale repetir: a arremetida “é uma fase normal do voo e os pilotos devem ser encorajados a arremeter quando as condições assim demandam”.
Só é preciso salientar que, apesar de ser uma manobra que visa segurança, precisa ser bem executada. Caso a tripulação não seja bem treinada, novos riscos podem ser associados, visto que é uma decisão que precisa ser tomada em frações de segundo e as atenções dentro da cabine mudam de foco rapidamente.
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