Somos mais numerosos do que antes, mas ainda pouco dedicados e com menos recursos do que os disponíveis aos batalhões de engajados ideológicos que querem a legalização do aborto no país. Essa foi, sem dúvida, uma das conclusões compartilhadas por todos os participantes do Seminário de Biopolítica que ocorreu no último domingo, 1º de dezembro, no Santuário da Divina Misericórdia.
Há anos acompanho as discussões nas quais se envolve o movimento pró-vida, e foi com muita satisfação que presenciei o evento. Pela primeira vez, vi um salão lotado com centenas de participantes, em Curitiba, ouvindo e debatendo assuntos que normalmente são objetos de discussão apenas na internet, ou restrito a pequenos grupos. No sentido de ser um impulso para ações com mais determinação, o seminário foi muito bem sucedido. Por isso faço questão de parabenizar publicamente o padre Sílvio Roberto, um dos responsáveis pela vinda do seminário à cidade.
Os palestrantes abrangeram uma variedade de temas que foram muito além da proteção da vida humana desde a concepção. Apresentaram, por exemplo, quais são as fundações internacionais a financiar pessoas, escritórios e pesquisas acadêmicas cujo o objetivo é viabilizar a entrada de clínicas de aborto no país. Tudo devidamente comprovado com documentos emitidos e informações divulgadas pelas próprias fundações. Sustentação razoável o suficiente para incomodar os mais desconfiados, aqueles que tendem a rotular tudo que acham estranho como teoria da conspiração.
Também mostraram a vinculação entre as tentativas de legalização do aborto e a ideologia de gênero, termo que nas publicações dos ideólogos é algo muito diferente da justa luta porigualdade de direitos entre os sexos. O problema estaria na explícita e detalhada tática de enfraquecer a família natural enquanto instituição, tudo para moldar a realidade conforme seu projeto particular de sociedade ideal. Trata-se de “engenharia social”, como mencionaram algumas vezes todos os palestrantes.
O mais enfático a animar ações mais efetivas por parte do movimento pró-vida foi o padre Paulo Ricardo. Segundo ele, enquanto legiões de abortistas dedicam seu tempo, seus recursos, sua produção intelectual e suas vidas inteiras à “causa”, a maior parte daqueles que se dizem pró-vida se contenta em votar em candidatos supostamente bons a cada quatro anos. “Temos nossos projetos de vida, nossa carreira, nossas preocupações pessoais e não queremos nos incomodar com isso”, lamentou o sacerdote.
A situação de maioria silenciosa no Brasil também foi comentada pelo professor Felipe Nery. Ele convidou os presentes a se empenharem no estudo dessas estratégias, das políticas já promovidas e dos projetos em andamento desses grupos. “É preciso conhecer e denunciar. As pessoas subestimam o valor das manifestações junto a seus representantes em Brasília, mas acreditem, essas ações funcionam”, disse Nery, que presta assistência voluntária a políticos que buscam instrução a respeito de temas envolvendo a família e a dignidade da vida humana.
Sobre a necessidade de amadurecimento do movimento pró-vida, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da diocese de Osasco, afirmou que há muita gente despertando para a importância do assunto, mas que se acomoda com ações menos relevantes, como o compartilhamento de virais no Facebook, por exemplo. “O conhecimento ainda é difuso, há muita gente se brincando com o tema, mas poucos estudam e falam sobre esses problemas com as pessoas ao seu redor”.
Um imprevisto acabou deixando de fora do evento a mestre em Ciências e especialista em Biologia Celular Renata Gusson, do Instituto Adolfo Lutz (SP), que também faria uma palestra.
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Quem esteve no evento e deseja receber por e-mail o material apresentado, ou até mais textos sobre biopolítica, pode entrar em contato com o professor Felipe Nery, presidente do Observatório Interamericano de Biopolítica pelos e-mails proffnery@hotmail.com ou biopoliticabr@gmail.com . Nesta quinta-feira (05/12) também ocorre um hangout (tipo de videoconferência) no YouTube, com participação do professor, às 21h15.
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Tive a oportunidade de almoçar com os palestrantes e com os anfitriões do evento e, como não podia deixar de ser, fiz uma entrevista exclusiva com o padre Paulo Ricardo. Em breve conto como foi, e também publico mais fotos.
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