Quem viu desde o começo diz que o confronto começou assim: sabendo que a CCJ tinha terminado e que a sessão plenária iria começar, alguns manifestantes começaram a se pendurar nas grades da Assembleia. Pelos relatos, eram poucos. A polícia tentou espantá-los, mas com um armamento totalmente desproporcional. A polícia alega que jogaram barras de ferro e que policiais também se feriram.
Foram jogadas bombas de gás lacrimogêneo e houve tiros de balas de borracha. Os manifestantes largaram a grade e correram para longe. As tropas colocadas entre a Praça Nossa Sra. da Salete e a rotatória da Cândido de Abreu afastaram todos com armas não letais. Muitos feridos ficaram para trás. Depois uma ambulância teve trégua para pegá-los. Houve gente levada no colo para o hospital improvisado, na prefeitura de Curitiba.
O que durou mais tempo foram as bombas de gás. Jogadas pela tropa, mesmo sem qualquer provocação que justificasse. Um manifestante jogava uma pedra, isoladamente, e vinha a bomba, via aérea, com o gás atingindo dezenas de pessoas, correndo no sentido contrário. Ninguém entre os manifestantes tinha armamento capaz de enfrentar uma tropa compacta de policias do choque. Depois vinham as bombas jogadas pelo helicóptero. O gás arde mais do que se pode imaginar, Queima os olhos e a boca. Você precisa imediatamente de água, mas no momento só o que pode fazer é correr.
Enquanto se afastavam, muitas pessoas choravam. E, mesmo longe, logo tinham de correr mais para trás, para fugir de outra bomba. Alguns tentavam se aproximar, imaginando uma resistência quixotesca, sem armas, contra centenas de soldados com escudos e cassetetes – sem falar nas armas.
Um cenário de horror que se completava com o corredor aberto para transportar os feridos e com o a tosse dos atingidos pelo gás.
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