Ninguém se engane: a greve parcial anunciada para esta terça-feira é apenas o primeiro de muitos embates entre a prefeitura de Curitiba e as empresas do transporte coletivo da cidade em 2016. Os empresários alegam que a tarifa está baixa e que não têm como pagar salários. Até que a tarifa suba, as greves devem seguir como constante no dia a dia do curitibano.
O problema é: até que ponto é viável aumentar a tarifa? Hoje, os empresários recebem uma tarifa técnica praticamente igual à tarifa paga pelo usuário: R$ 3,27 contra R$ 3,30 cobrados de quem entre no ônibus. Assim, qualquer aumento de repasse exige aumento de tarifa. E o cidadão comum talvez não esteja disposto a pagar R$ 4, por exemplo, para andar de ônibus.
A Urbs e as empresas não se entendem. Para a prefeitura, o valor deveria ser suficiente para cobrir todos os custos. A prefeitura insinua que os empresários atuam com intenção política, usando os trabalhadores como massa de manobra para aumentar seus ganhos. O próprio Fruet falou em locaute numa das greves recentes. Sem provas, porém, a acusação gira no vazio – depende da crença de quem ouve.
Fato é que os interesses dos patrões e do sindicato de trabalhadores, nesse caso, coincidem. Os empresários estão insatisfeitos, mas não podem, por contrato, parar o sistema. Ao deixar os trabalhadores sem salário, porém, encontram um aliado que tem permissão legal para fazer greve – e forçar a prefeitura a aumentar a passagem.
Se a tarifa subir muito, Fruet não só perde pontos com a população justo às vésperas da tentativa de reeleição, como corre o risco de desequilibrar ainda mais o sistema, afastando passageiros que se recusam a pagar mais e preferem, por exemplo, comprar uma moto ou usar o carro mais vezes. Ou até andar a pé. Com menos passageiros, é preciso cobrar ainda mais de quem fica no busão para fechar a conta.
Para o prefeito, 2016 não parece prometer tranquilidade. Para quem depende do ônibus, muito menos.
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