Deve-se ao repórter Raphael Marchiori a possibilidade de acompanhar um passeio por sedes de empresas da família Gulin que funcionam nos mais curiosos lugares. Em cima de concessionárias de carros. Em salas que não têm sequer placa informando quem ocupa o lugar. Ou dentro de garagens de ônibus.
Não seria nada demais, não fosse por dois pontos.
1- Essas empresas pertencem aos mesmos sócios que tocam o bilionário negócio dos ônibus de Curitiba.
2- Essas empresas receberam, de um jeito ou de outro, R$ 56 milhões das concessionárias que recebem quase R$ 1 bilhão ao ano de dinheiro do transporte público.
Marchiori percorreu os endereços com uma câmera escondida e o resultado é impressionante. Nos endereços onde deveriam estar as empresas (algumas com capital social de dezenas de milhões de reais) ninguém nem sabe de sua existência.
E, no entanto, essas sedes curiosíssimas de negócios receberam, por meio de empréstimos, aportes e outros métodos, dinheiro das concessionárias dos Gulin. Lembrando: trata-se da família que cuida da maior parte das empresas de ônibus da capital. São os donos de seis das onze empresas que formam os consórcios vencedores da licitação de 2010.
Claro, os Gulin dizem que não há qualquer irregularidade. Seria fundamental, porém, que as autoridades vissem o que está acontecendo. Até porque as empresas de ônibus dizem sempre que operam no limite, ou no prejuízo. E então como têm todo esse dinheiro para repassar a outras empresas da holding? E ainda mais empresas que nem parecem ter importância social.
Para que são feitos os repasses? O que fazem essas empresas? O lucro, afinal, é maior do que se imaginava?