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Ricardo Barros, o ministro da Saúde que diz não querer mais dinheiro para a saúde

Ricardo Barros talvez seja a personificação ideal da política adotada pelo governo Temer na área social. Ministro da Saúde, inquestionavelmente uma das áreas mais importantes num país em que a imensa maioria da população depende de serviços públicos, Barros decidiu que não é necessário ter mais dinheiro para a sua área.

Por mais estranho que isso pareça, é um ministro da saúde que não quer – repita-se: não quer – mais dinheiro para a saúde. Ao contrário de todos os seus predecessores e de um certo senso comum em torno do atendimento público, Barros acha que o SUS não é subfinanciado. E que o problema é meramente de gestão. De atender com menos dinheiro as necessidades da população.

Nesta semana, Barros disse isso a seus colegas de Câmara dos Deputados. “Não farei campanha dentro do governo contra a área econômica, pedindo mais dinheiro para a saúde.” Nada de dizer que é preciso tirar de outras áreas, aumentar o orçamento, dar um jeito. Cada um que se vire com o que tem. Há quem possa ver isso como o símbolo da luta por uma gestão eficiente e contra o gasto excessivo do governo.

Também é possível ver de outro jeito: como um governo que não está se preocupando o suficiente com o problema e que prefere a austeridade fiscal ao atendimento de qualidade para a população. Como um governo que em nome de uma ideologia liberal pretende que o SUS abra espaço para planos de saúde mais baratos – e de eficiência bastante duvidosos – como os que Barros quer tornar legais.

Barros, na Câmara, disse com todas as letras também que espera que o STF determine que certas atividades não são obrigatórias para o SUS. Que o governo não tem obrigação de custear tratamentos de ponta, mais caros, por exemplo. Diz esperar que o STF determine que o SUS só precisa fazer o que é possível.

E este “possível” se alinha com a ideologia do ministro. É o “possível” dentro de um orçamento que não se quer ampliar, dentro da ideia de um governo menor, menos pesado e – por consequência – com menor capacidade de atender a população.

O ministro está há quase um ano no governo. Até agora, o que mais chamou a atenção no seu período foi a quantidade de vezes que ele se deslocou a suas bases eleitorais preparando terreno para a campanha da mulher ao governo em 2018. Terá, ao que tudo indica, mais um ano pela frente para provar que sua tese da “gestão” pode trazer algum benefício para os brasileiros.

E que não é apenas uma conversa ideológica de quem, por conveniência. passou 14 anos ao lado do programa estatizante do PT.

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