• Carregando...
Celular e tablet na escola: você é a favor ou contra?
| Foto:

Você acredita que celulares, smartphones e tablets podem ser utilizados como recursos pedagógicos em suas aulas? Como?

Esta foi a pergunta que o Marlon Mateus (professor, pesquisador em tecnologias na educação e assessor pedagógico na DITEC/SEED-PR) fez para professores de uma escola pública estadual, localizado no setor centro da cidade de Curitiba.

As respostas se dividiram em três categorias: há os que se posicionaram completamente contra a utilização desses dispositivos em sala de aula e ressaltaram todos os possíveis pontos negativos; alguns não se importam com a presença dos equipamentos, mas também não veem nenhum potencial pedagógico; e há também os que utilizam, mesmo que de forma tímida, em explicações, em apresentações de trabalho e até mesmo para pesquisas rápidas durante a explanação do conteúdo.

A maior parte dos professores afirma não ver qualquer finalidade pedagógica nesses aparelhos e ressalta a dificuldade em dar aulas, e explicar o conteúdo, com alunos utilizando tais equipamentos. Uma das educadoras diz “Não consigo ver nada de positivo na presença de celulares nas aulas. Antes, me sinto totalmente desconfortável com a possibilidade de ser filmada ou fotografada”. A professora diz que sente sua privacidade ameaçada e que não consegue esconder seu incômodo.
Dispositivos móveis podem sim atrapalhar e muito, não apenas em sala de aula, mas em qualquer outro lugar onde a utilização em excesso causa constrangimentos e desconfortos. A sala de aula é um espaço de aprendizagem, de interação, informação e conhecimentos e é neste espaço que reclamações quanto ao uso desses aparelhos estão cada vez mais comuns. A impressão é que são equipamentos vilões que foram criados para a destruição do ser humano e que não possuem nada de bom. Para os pesquisadores Viana e Bertocchi (2009) sataniza-se o equipamento, o celular, e destaca-se o quanto os alunos envolvem-se por tudo o que esta tecnologia de informação e comunicação possibilita, deixando assim de se interessarem pelas aulas dos seus professores. Os autores pontuam que perde a sociedade e perde a educação com a censura desses equipamentos em sala de aula. Essa proibição não inibe os alunos, que são hábeis, inteligentes e antenados o suficiente para burlar tais leis.

Alunos com smartphones conectados a internet podem sim se dispersar durante aula, entrando em redes sociais, se comunicando com amigos em momentos inadequados e até mesmo atrapalhar a aula e outros colegas. No entanto, poderá também pesquisar em dicionários on-line ou em aplicativos já disponibilizados pelas editoras, existem vários. A câmera, presente em praticamente todos os modelos, pode ser utilizada na disciplina de Artes em um trabalho com fotografias. A rede social Foursquare*, disponível nos smartphones, pode ser aproveitada na disciplina de Geografia, assim como ferramentas de localização e mapas on-line. Uma infinidade de possibilidades surge quando os dispositivos móveis em questão deixam de ser vistos como vilões e passam a ser aceitos como novas ferramentas para a aprendizagem.

Daniel Caron/ Gazeta do Povo

Os tablets e e-readers , ainda não muito comum nas escolas, também são importantes ferramentas que poderão contribuir com a educação, facilitar o estudo e talvez torná-lo ainda mais atraente. A maioria dos modelos disponíveis é cara, por isso a presença nas escolas, principalmente em públicas, ainda é tímida. Porém, com base na evolução, barateamento de equipamentos e de projetos já divulgados pelo Ministério da Educação, não é difícil prever que é questão de tempo para tornarem-se cada vez mais presentes nas escolas e consequentemente, em salas de aula.

Como afirma Moran (2012) “este é um campo minado de discussões, decisões, interesses. Qualquer análise ainda é parcial, provisória, precária”, mas é necessário que pesquisas sobre este assunto sejam feitas, pois “as tecnologias móveis trazem novos desafios ao descentralizarem os processos de gestão do conhecimento: se aprende em qualquer lugar, a qualquer hora e de muitas formas diferentes. Pode-se aprender sozinhos e em grupo, estando juntos fisicamente ou conectados”.

Na medida que vão para a sala de aula o seu uso não pode ser só complementar, temos que repensar a forma de ensinar e de aprender. Por isso é necessário que as formações para os professores, seja inicial ou continuada, trabalhe com o professor mediador, que irá organizar processos educacionais mais abertos e colaborativos.

*Permite que você indique onde está através de um aplicativo no seu smartphone. Você indica o lugar em que chegou, escolhe se vai avisar seus amigos ou não e se quer que esse check-in (nome que o Foursquare dá para a ação que você executa no aplicativo para dizer que chegou em algum lugar) apareça no Twitter e Facebook. Leia mais aqui.

>> Glaucia Brito é professora do Departamento de Comunicação Social e dos Programas de pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) e Educação (PPGE) da UFPR, pesquisadora em Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação.

>> Quer saber mais sobre educação, mídia, cidadania e leitura? Acesse nosso site! Siga o Instituto GRPCOM também no twitter: @institutogrpcom.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]