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Cada real investido em conservação da natureza gera sete para economias locais

O que você faria com um R$ 1,1 bilhão? Os municípios que abrigam Unidades de Conservação (UC) federais podem fazer muito com esse valor, que foi o total arrecadado em um único ano com o turismo ecológico. O levantamento foi publicado este ano pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com dados referentes a 2015, e revela o aquecimento na economia dos municípios que abrigam áreas naturais protegidas por Unidades de Conservação. Segundo a pesquisa, para cada real investido na conservação da natureza, sete reais retornaram para as economias locais.

O ecoturismo – que é reconhecido pela Organização Mundial de Turismo (OMT) como o ramo que mais cresce dentro dessa indústria -, gerou ainda 43 mil empregos diretos no Brasil em 2015. A previsão do ICMBio é que o País termine 2017 com um novo recorde de visitas a UCs. Calcula-se que 9 milhões de visitantes brasileiros e estrangeiros devem trazer ainda mais dinheiro para setores como hospedagem, alimentação, comércio local, transporte e combustíveis. Somente o setor hoteleiro movimentou R$ 267 milhões com o ecoturismo no ano em que a pesquisa foi realizada.

Os turistas buscam nas UCs experiências que faltam na rotina de grandes centros urbanos: a sensação de equilíbrio que o contato com a natureza proporciona aliada a atividades de aventura, como trilhas e esportes radicais; e de relaxamento, como a contemplação de paisagens naturais e banhos de mar ou cachoeira. A visita a áreas naturais é capaz de transformar a relação do turista com o mundo ao seu redor, cumprindo um papel cultural e educativo para a população. Esses atrativos, obviamente, dependem da conservação de áreas naturais.

Diante das possibilidades de desenvolvimento econômico sustentável comprovados pela pesquisa do ICMBio, o caminho lógico seria uma mobilização favorável à criação de novas UCs nos remanescentes dos biomas e campanhas de valorização das já existentes, para estimular a visitação. Esse movimento tem ainda mais motivações no Paraná, que abriga ecossistemas raros, como os Campos Naturais e a Floresta com Araucária, dos quais restam, respectivamente, 0,1% e 0,8% da cobertura vegetal original.

O que vemos, no entanto, é um estado que segue no caminho contrário. A maior Unidade de Conservação do Sul do País é paranaense e tem sofrido com os ataques de grandes empresas do agronegócio. A Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana pode perder 70% da área atual, caso seja aprovado um projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa. Além disso, um levantamento divulgado recentemente pela Fundação SOS Mata Atlântica indica que o desmatamento da vegetação nativa continua crescendo em 88 cidades do Paraná. E isso acontece no estado que é líder do ranking histórico de desmatamento, com 456 km² de Mata Atlântica derrubada desde o início do monitoramento, em 1985.

Todos esses números demonstram a urgência de abrir os olhos do poder público, das empresas e da população para um fato: a derrubada dos 3.468 hectares identificada pela análise da SOS Mata Atlântica no Paraná não só afeta os serviços ecossistêmicos garantidos pela preservação de áreas naturais (abastecimento de água, a fertilidade do solo, proteção de encostas, regulação do clima, redução do impacto das mudanças climáticas, entre outros), como também reduz o potencial dessas regiões para alcançar bons níveis de desenvolvimento econômico sustentável no futuro.

 

*Artigo escrito pela equipe da OSC Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS, parceira do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.

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