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BEBA QUE FAZ BEM

ANA MARCONATO/DIVULGAÇÃO
NO DISCO DE ESTRÉIA, O PIANISTA E COMPOSITOR PAULISTANO BEBA ZANETTINI MOSTRA A IMPRESSIONANTE HABILIDADE DE PASSEAR POR DIVERSOS GÊNEROS: RIQUEZAS MELÓDICA E LITERÁRIA

Pra começo de conversa, ele não canta. No primeiro disco solo, o compositor e pianista paulistano Beba Zanettini confiou suas obras – marcadas pela pluralidade sonora – a dez intérpretes de timbragens distintas. Consagrados, emergentes e outros por serem conhecidos lá estão. Todos acompanhados por Beba, que ao optar por vozes alheias marca território como instrumentista, melodista e letrista de bom quilate. Trocadilhos a parte, o disco chama-se “Beba música!” (selo Usina Brasil com distribuição da Tratore). Autoral.

“A idéia é mostrar, em algumas das minhas canções, uma visão panorâmica das possibilidades sonoras. O instrumentista está lá, mas o compositor fica em primeiro plano”, declarou ele no material de divulgação. “É um projeto no qual assumo responsabilidade sobre tudo: produção executiva, musical, arranjos, até o de office boy dessa empreitada”, complementa Beba, integrante do incensado grupo Aquilo Del Nisso.

Beba mira em vários alvos. Acerta em quase todos: é um franco atirador sujeito a leves oscilações como na funkeada “Motoboy Sp”, bem defendida pela cantora Kennya, em que o rap (letra e voz de Rato, da banda paulista Núcleo) pouco acrescenta. Isso não arranha em nada a efervescência de “Beba música!”,para onde convergem diversos gêneros nas dez faixas: samba, pop, balada, jazz, cantiga, ritmos caribenhos, elementos afeitos ao universo musical do artista.

Ana Paula Lopes – que está crescendo a olhos vistos – abre o disco com a contagiante “Vou seguindo”, samba jazz em que o piano de Beba Zanettini faz marcação flexível, assim como na irreverente “171”, samba de “perigosas” harmonias interpretado com extraordinária desenvoltura por Paulo Padilha.

Dos nomes consagrados, a Vânia Bastos (sumida, por onde anda, gosto tanto dela!) foi entregue a delicada “Cantiga”, poema de Manuel Bandeira musicado por Beba. Luciana Souza (essa moça é muito boa!), está presente em “Semeado”, que Beba Zanettini se mostra hábil harmonizador – vibrações de Edu Lobo? – e letrista: “… que vai brotando e vai crescendo como a flor/um amor tão delicado/semeado no calor”. Bonito, viu?

Mona Gadelha ficou com a balada eletrônica “Viver sempre mais”. Essa tem tudo pra tocar no rádio, deveria aliás – nos dials ultimamente há mais estofos eletrônicos e necas de conteúdo, não é o caso dessa faixa. Radiofônica também é “Sobre as ondas” (voz de Maurício Martins), mesmo com arranjo resvalando aqui ou ali em clichês sonoros. Mas é boa, sim.

Reprodução
“BEBA MÚSICA!” TEM DEZ CANÇÕES AUTORAIS E CONTA COM A PARTICIPAÇÃO DE INTÉRPRETES CONSAGRADOS COMO VÂNIA BASTOS E EMERGENTES COMO ANA PAULA LOPES: PLURALIDADE SONORA

As vozes femininas sobressaem-se não só pela quantidade. Como não se render ao canto de Cris Aflalo acompanhada apenas pelo piano de Beba Zanettini na melancólica “Sem nem adeus”? Eis um dos momentos mais contemplativos do álbum. Do elenco masculino, o timbre forte e viril de Tabajara Assumpção impressiona no dueto com Ilana Volcov na ingênua “Num instante”, com direito a beijinho estalado e jogado no ar- dela.

Feito em camadas consistentes, “Beba música!” precisa ganhar chão, chegar aos quatro cantos. Além de alta qualidade sonora, há opções para todos os gostos. Nesse ponto, Beba Zanettini foi muito generoso!

Mais informações sobre o disco e o artista podem ser adquiridas no www.myspace.com/bebazanettini

REPERTÓRIO E INTÉRPRETES

1.Vou seguindo – Ana Paula Lopes
2. 171 – Paulo Padilha
3. Cantiga – Vânia Bastos
4. Semeado – Luciana Souza
5. Motoboy Sp – Kennya
6. No céu – Bia Biagi
7. Sem nem adeus – Cris Aflalo
8. Num instante – Ilana Volcov
9. Viver sempre mais – Mona Gadelha
10. Sobre as ondas – Maurício Martins

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