Estou de volta a Curitiba, depois de participar do VI Congresso Latino-Americano de Ciência e Religião, na Cidade do México (o próximo, inclusive, será no Brasil); escreverei sobre o evento com mais detalhe durante a semana. Também já liberei os comentários feitos mais recentemente no blog.
Sábado passado se comemorou pela primeira vez a festa litúrgica do bem-aventurado João Paulo II. O Papa Bento XVI, que beatificou seu antecessor em maio deste ano, escolheu para a festa o dia 22 de outubro por ser o aniversário da primeira missa do pontificado do Papa polonês, em 1978 (a homilia dessa missa é famosa especialmente pela frase “Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo!”). Anteontem eu estava no santuário de Guadalupe e vi como os mexicanos têm um grande carinho por João Paulo II, dedicando-lhe muitas homenagens.
João Paulo II em foto de 1995: no ano seguinte, ele daria o maior endosso já feito por um Papa à teoria da evolução.
Mas 22 de outubro também marca outro aniversário relativo a João Paulo II. Está datada de 22 de outubro de 1996 a mensagem que o Papa enviou à Pontifícia Academia de Ciências (infelizmente o site do Vaticano não tem o texto em português) por ocasião da assembleia plenária do órgão vaticano. Assim como a homilia de 1978, essa mensagem também tem uma “frase-chave”, a de que a evolução, nas palavras do Papa, “é mais que uma hipótese”. No início de suas palavras sobre a evolução, João Paulo II lembra a encíclica Humani Generis, de Pio XII, a primeira a mencionar o tema, em que se aceitava a teoria de Darwin, desde que também se aceitasse que havia elementos (como a origem da alma) que não estavam sujeitos a uma explicação biológica. João Paulo II passa a mostrar o que mudou entre 1950 e 1996, e ainda lembra que certas leituras da evolução (como a materialista ou a espiritualista) estão mais a cargo da Teologia e da Filosofia. Em outras palavras, “a Darwin o que é de Darwin”, ou seja, os fatos biológicos sobre a origem das espécies; o que foge disso (como as conclusões em relação à existência de um Deus, ou sobre o status ontológico do ser humano) já não compete à Biologia. Vale a pena ler o texto todo.
Durante o congresso do México ouvimos que poderia estar havendo uma guinada antievolucionista no pontificado de Bento XVI, especialmente porque um dos cardeais considerados mais próximos do Papa, o arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, seria um defensor do Design Inteligente (a evidência mais forte seria este artigo de 2005 publicado no New York Times). No entanto, acho complicado chegar a esse tipo de conclusão. Alguns textos do então cardeal Ratzinger são bem simpáticos às teorias de Darwin, e algumas menções de Bento XVI sobre o homem ter sido “desejado por Deus” em vez de ser “mero fruto do acaso” me parecem insuficientes para estabelecer uma preferência pelo DI.
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Prêmio Top Blog 2011
Enquanto eu estava no México, saiu o resultado da primeira fase do Prêmio Top Blog 2011, e o Tubo de Ensaio se classificou entre os 100 mais votados na categoria “Religião-blogs profissionais”. Agora, na segunda fase, a votação recomeça do zero, considerando apenas esses classificados. Para votar no Tubo, o processo é o mesmo da primeira fase: clicar aqui ou no selo que está aí do lado, colocar nome e endereço de e-mail, e depois confirmar o voto por meio da mensagem que você receberá por e-mail.
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