
Pablo Picasso (1881-1973) foi um artista versátil e isso fica claro na mostra Picasso e a Modernidade Espanhola, em cartaz até junho no Centro Cultural Banco do Brasil, de São Paulo.
Logo na entrada do CCBB (que pode levar até três horas – a reportagem foi no começo da tarde de sexta-feira, dia 24, e demorou aproximadamente 25 minutos), o público já é inserido no “clima” da mostra.
Um grupo de atores e músicos recepciona os visitantes com dança e música flamenca, e fazem breves explicações sobre a exposição, que ajudam a inserir o espectador no contexto do conjunto, que apresenta 90 obras – de Picasso e de outros artistas espanhóis.
Veja alguns dos quadros exibidos na mostra
Sabe-se de pontos importantes antes de começar o “tour Picasso”. Por exemplo: que o pintor espanhol manifestou talento artístico desde a infância, e que as touradas o influenciaram fortemente, tema tratado muitas vezes de maneira ambígua. Ele gostava da dominação do animal, mas também apreciava quando a vitória era do bicho. Outro aspecto importante ressaltado pelo setor educativo do espaço é a marca principal do artista: o traço preciso.
O público, de no máximo 50 pessoas por sala, é encaminhado ao quarto andar, onde começa a exposição. Há trabalhos do começo da carreira de Picasso, como Cabeça de Mulher (1910), em que é possível perceber com clareza a definição geométrica da obra (apesar do uso de cores semelhantes). Há também os famosos Retrato de Dora Maar (1939) e O Pintor e a Modelo (1963).
Seguindo o roteiro, se chega ao conjunto reunido no terceiro piso – o mais interessante da mostra. Além de vários estudos para o famoso painel “Guernica”, que Picasso realizava com técnicas como guache, tinta a óleo e água forte sobre papel (modalidade de gravura que usa uma matriz de cobre, alumínio ou zinco), o espectador consegue compreender o impulso de Picasso de colocar o touro como elemento central.
Ele humaniza o animal, criando um minotauro, a exemplo de Bacanal com Minotauro (1933). Também o usa como um símbolo para representar a brutalidade, mas como expressão de dor e sentimento de luta.
No segundo andar, há mais obras do artista, além de outros nomes espanhóis e catalães do mesmo período, com quem ele dialogou, como Salvador Dalí, e outros menos conhecidos, a exemplo do expressionista José Gutiérrez Solana (com a perturbadora tela Palhaços, de 1920).
Também é possível ver a pintura Mulher com Violão (1917), de Maria Blanchard, considerada a “Frida Kahlo espanhola”. Assim como a mexicana, ela também sofria com problemas físicos.
Picasso começou “Guernica” em maio de 1937, poucas semanas depois do bombardeio nazista sofrido pela pequena cidade espanhola homônima, em 26 de abril daquele ano. O ataque aéreo destruiu o local.
As explicações sobre a realização da tela de 3,5 m por 7,82 m (que nunca sai do Museu Reina Sofía), estão em um documentário de cinco minutos, que mostra os estudos, imagens da cidade e a obra materializada.
Quem quiser, também pode brincar com uma “Guernica interativa”, apontando uma lanterna que abre na tela os vários estudos que Picasso realizou para fazer o trabalho.
A mostra acaba no subsolo. Vale a pena conferir o conjunto final, com trabalhos dos anos 1950.
Depois de São Paulo, a exposição segue para o CCBB do Rio de Janeiro, onde fica em cartaz de 24 de junho até 7 de setembro.









