Após lançar em 2006 o documentário “Made in Ucrânia”, que abordava a imigração ucraniana no Brasil, o cineasta Guto Pasko foi presenteado por um de seus entrevistados.
Emocionado, Iván Bojko, à época com 86 anos, entregou em suas mãos dois cadernos. Eram diários que relatavam o cotidiano de um ucraniano após ser retirado de casa e levado à Alemanha pelo regime nazista na década de 1940.
Iván Bojko é carismático e dono de uma memória invejável
Uma coisa é certa sobre as sessões de “Iván”: muita gente vai sair do cinema com lágrimas nos olhos
Leia a matéria completaO diretor viu que tinha uma grande história ali, que merecia ser levada às telas. Guto só não imaginava que daquela história nasceria outra, ainda mais emocionante.
“Iván”, o documentário que tem pré-estreia em Curitiba nesta terça-feira (24) e estreia nos cinemas de todo o Brasil na quinta (26), não se limita apenas a desvendar a história de seu protagonista. O filme literalmente leva-o ao encontro da história, em uma jornada à Ucrânia após quase sete décadas de separação.
Quando Guto entrevistou Iván em seu primeiro filme, foi para conhecer o octogenário que produzia e tocava a bandura, instrumento musical típico ucraniano.
Nas conversas, ficou sabendo que o ucraniano foi tirado à força do país natal em 1942 e levado à Alemanha para trabalhos forçados.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, ele não pode retornar ao país (então União Soviética) porque era considerado traidor pelo regime comunista.
Conseguiu vir para o Brasil, onde chegou em 1948 e permanece até hoje. À Ucrânia, onde ficaram os pais e duas irmãs, não voltou mais.
Confira onde assistir ao filme no Guia Gazeta do Povo.
Guto conta que, após ver “Made in Ucrânia”, Iván o procurou. Foi quando lhe entregou os diários, com relatos dos 9 anos de idade até a chegada ao Brasil. “Tudo o que ele viveu nesse período, sob o regime nazista estava ali. À medida que eu ia lendo e traduzindo, ecoavam as palavras dele ao me entregar aquele material: ‘as pessoas precisam saber disso’”, conta o cineasta.
Como mostrar isso ao público? A pergunta levou a uma ideia ousada, viabilizada graças à seleção em um edital da Petrobras, que garantiu os recursos necessários para o projeto.
A proposta consistia em levar Iván de volta à Ucrânia, para visitar o vilarejo onde morou e reencontrar a irmã, que não via há 68 anos, desde que foram separados pela guerra. “Tínhamos bem claro o caminho a percorrer, mas era impossível prever o que iria acontecer”, conta Guto.
O resultado foram centenas de horas de filmagem, acompanhando um senhor de 90 anos, percorrendo 5 mil quilômetros pela Ucrânia em 40 dias. Entre o anúncio da viagem e o esperado reencontro com a irmã, Iván revê locais, pessoas e a cultura nativa. “Sabíamos que seria algo muito forte emocionante. Foi uma experiência transformadora para toda a equipe”, conclui o cineasta.
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Assista ao trailer de “Iván”:
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