Ignore os rumores e as fofocas. Dalton Trevisan faz 90 anos neste domingo (14) e ele está bem, muito bem. Provavelmente melhor do que as figuras que espalham rumores e fofocas a respeito dele. (Mas, por favor, se ele perguntar alguma coisa, não diga que você leu isso aqui.)
A ideia de fazer um caderno especial para o aniversário do escritor não tem nada a ver com espezinhar o homem que abomina a vida pública.
E também não é como celebrar a obra de um autor cansado que ganha reconhecimento por serviços prestados. Não se trata de uma homenagem – esta edição é uma festa.
#SemanaDoVampiro
Na internet, esta é a #SemanaDoVampiro. Além desta edição especial sobre os 90 anos de Dalton Trevisan, o Caderno G preparou também conteúdos exclusivos para a versão online. A Gazeta do Povo traz uma história em quadrinhos de Robson Vilalba (o conto “Uma Vela para Dario”) e tirinhas de Alberto Benett baseadas em seus contos. E também uma “websérie” em vídeo com quatro curtas-metragens inspirados na obra de Dalton Trevisan – os contos “Em Busca de Curitiba Perdida”; “Apelo”; “Pico na Veia” e “Os Botequins”. E, por fim, há uma leva de minicontos para compartilhar nas mídias sociais durante a #SemanaDoVampiro.
O fato de ele estar inteiro, escrevendo e reescrevendo – publica ao menos um livro por ano, todos os anos, há décadas – precisa ser comemorado. Chegar aos 90 anos é uma proeza. E se tornar um nonagenário com vigor é quase inumano. Vampiresco até. (Prometo que as metáforas com criaturas sugadoras de sangue serão poucas ao longo das próximas 11 páginas.)
Como numa festa da primavera, pela dádiva da colheita ou coisa que o valha, a tribo de Curitiba deveria se reunir ao redor de cada livro novo de Dalton Trevisan para agradecer ao deus contista. Ou para agradecer a dádiva do conto.
Diante de uma data dessas – nove décadas –, alguém que obviamente não faz ideia de quem é o escritor e de como ele funciona poderia sugerir uma grande festa de aniversário com a presença do próprio Dalton.
Seria mais uma balada a figurar na lista de eventos que o escritor ignorou (a lista é boa e inclui a cerimônia do Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa).
Dane-se, diria Dalton. O conto é mais importante que o contista.
Nesta edição, Sandro Moser mostra como não perfilar Dalton Trevisan; Lana Carvalho escreve sobre a experiência de ler um conto do vampiro pela primeira vez; Luiz Claudio Oliveira aborda os anos de formação do escritor; Angieli Maros analisa como o temperamento arredio do autor se reflete nas histórias; Helena Carnieri discute as adaptações da obra para o teatro; Isadora Rupp traça a Curitiba que aparece nos livros dele; Rafael Rodrigues Costa mede o legado do contista; Caetano W. Galindo dá os parabéns; e um certo Dalton Trevisan mostra por que é o melhor escritor vivo do Brasil.
As ilustrações são de Poty Lazzarotto (1924-1998), gentilmente cedidas pelo irmão do artista, João Lazzarotto; Osvalter Urbinati e Ricardo Humberto. O design gráfico é de Lucio Barbeiro.
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