
Um dos momentos definitivos do teatro curitibano na última década (na opinião deste jornalista) ocorreu em 2008, quando o Guairinha recebeu a adaptação de “Esperando Godot” dirigida por Flavio Stein, com Mauro Zanatta no papel de Estragon e Rosana Stavis no de Vladimir, os dois maltrapilhos centrais na peça de Samuel Beckett.
Do trabalho feito há quase sete anos, o que marcou mais? “A crueldade com que Beckett enxerga a vida”, responde Zanatta, numa conversa por telefone, na última quarta-feira (8).
Ele cita uma cena em que Vladimir diz: “O que vamos fazer agora?”. A pergunta é feita algumas vezes ao longo da peça, mas, numa delas, Estragon rebate, numa voz até tranquila: “Vamos nos enforcar”. As palavras funcionam como uma explosão sobre você, na plateia, e de repente dá um significado terrível para a árvore que é todo o cenário disponível no palco.
Zanatta conta que seu filho, nascido em 2006, na época de “Godot”, tinha a mania de levantar os dedões dos pés, como se fizesse um sinal positivo. O ator pegou a ideia do bebê e torcer os dedões do pé para cima virou o mecanismo que acionava Estragon.
O texto da adaptação foi escrito numa colaboração entre Zanatta, Stein e Leandro Borgonha, que usaram versões de “Godot” em inglês, alemão e francês. Beckett escreveu primeiro no idioma de Molière, mas trabalhou nas traduções.
Zanatta só não voltou ao papel de Estragon nem à obra de Beckett por causa do que delicadamente chama de “dificuldades artísticas”. A maior delas, não é difícil supor, tem a ver com dinheiro.
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