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Time de atores experientes foi convidado pela diretora Elisa Ohtake. | Lenise Pinheiro/Divulgação
Time de atores experientes foi convidado pela diretora Elisa Ohtake.| Foto: Lenise Pinheiro/Divulgação

Let’s Just Kiss and Say Goodbye é sobre a vida e, se é sobre a vida, é também sobre o teatro: um acontecimento, uma homenagem. A peça/performance dirigida por Elisa Ohtake, na qual provoca cinco atores experientes do teatro paulistano a fazerem a “última peça de suas vidas”, propõe uma lógica dramatúrgica que pensa estratégias de criação inovadoras, testando-as em tempo real, extrapolando os limites da cena e colocando, através da presença dos atores, o teatro no centro. Esse teatro, objeto de paixão dos atores e a despedida desse amor. Amor é amor e despedidas são despedidas. Duas afetações que comovem e transformam a cena e o espectador.

É uma peça que elogia a vida e considera sua natureza: a fugacidade. O escorrer pelas paredes, a potência de existir existindo na cena.

Falar de vida e morte, através de recortes textuais que convivem com a história do teatro, visitar histórias dos intérpretes (fracassadas ou acertadas), a utilização de materiais cênicos (que brilham como purpurina) fazem emergir uma esfera que sugere um trabalho sobre o trabalho. É possível ver, o tempo todo, a autonomia dos intérpretes em cena. A maestria da condução da cena pelos atores, na qual a diretora também está posta, reforça que só através dessa presença precisa no corpo, alargada, extrapolada e expositiva é possível construir essa obra.

Os incríveis Danilo Grangheia, Georgette Fadel, Luah Guimarãez, Luciana Schwinden e Rodrigo Bolzan, desenham, cada um com sua especificidade, uma ode ao teatro e, por isso, não se autocentram na encenação, alargam espaços para que o teatro esteja no centro.

Com uma construção cênica absolutamente bem-humorada,

Let’s Just Kiss and Say Goodbye também é dolorosa, porque, sabemos: falar sobre despedidas e mortes e vidas nem sempre nos alargam os sorrisos.

A relação da plateia com a obra no Teatro Bom Jesus, em Curitiba, pode ter esvaziado algumas nuances da encenação. Com risos insistentes (nervosos?), algumas camadas da narrativa se perderam; sobretudo quando a radicalidade da encenação propõe, para o espectador, uma polifonia de estados. Como a vida: nem sempre dor, nem sempre alegrias.

Outro ponto que também pode ter contribuído para esse estado unilateral de vivência é a sonoplastia: com uma batida eletrônica em um fundo sonoro quase permanente, sugere uma dinâmica jocosa, quando a ampliação de significados se reduz. Nada que a potência dos atores não ressignifique.

Entre o emergir dos gestos dos atores emerge potência de vida e de relação. As estratégias dramatúrgicas reveladas configuram a peça, a peça revela atores exímios, atores exímios se revelam, e essa revelação nos presenteia com o presente.

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