Um “lapso” é uma lacuna. Um espaçamento do tempo, por natureza imaterial, subjetivo. Pois foi dentro desse salto para a intangibilidade, que a banda curitibana Trem Fantasma fez caber todo o seu infinito sonoro, materializado em um inquietante disco de estreia. “Lapso” chega ao público oficialmente via plataformas digitais no próximo 21 de outubro, pelo Selo 180.
O público curitibano, no entanto, vai poder conferir antes de todo mundo o resultado dessa metáfora musical. Nesta sexta (07) acontece um evento de lançamento do disco no palco do Jokers Pub(R. São Francisco, 164, Centro).
Com a co-produção assinada por Sanjai Cardoso e Berto Bruno – vocalista da banda Cachorro Grande –, o álbum traz 9 faixas que potencializam os impulsos psicodélicos que aproximaram Leonardo Montenegro (guitarra), Marcos Dank (guitarra), Rayman Juk (baixo e vocal) e Yuri Vasselai (bateria), nos idos de 2008, quando o Trem experimentou as primeiras viagens.
Faixas do disco “Lapso”
1 - Nebulosidade
2 - O Silêncio e o Estrondo
3 - Lua Alta
4 - Tua Nuvem
5 - Sobre Viver
6 - Dublinense
7- Sem Rumo
8 - Pesadelo
9 - Antimatéria
Na verdade, reflete, de forma conceitual, um período de ausência. Reencontrando público e palcos depois de “incubar , Dank lembra que “ficamos quatro anos sem produzir nada. Esse foi um tempo de amadurecimento do nosso som e a ideia de ‘lapso’ faz referência a esse período”, reflete. Harmonizando com esse pensamento, Rayman diz que “o disco representa um tempo de confluência, por isso as músicas são tão carregadas de significado pessoal”, completa.
Show
Data: 07/10
Local: Jokers Pub (R. São Francisco, 164, Centro)
Ingressos:
Antecipado: R$ 15 (www.sympla.com.br)
Na hora: R$ 25
Já Beto Bruno prefere a dúvida: “Quando recebi a demo com 10 músicas, me interessei justamente pelo da banda não querer seguir nenhum movimento, soar de maneira única. Não tive essa impressão do disco como obra conceitual, mas os meninos têm uma personalidade tão forte – o que é raro já em um disco de estreia – que mesmo que buscando caminhos diferentes nas músicas, elas soam como Trem Fantasma, como se dessem a volta completa e fechassem o ciclo. Essa é a melhor banda de Curitiba e esse é o melhor disco de estreia dos últimos 15 anos”, crava.
Compondo a atmosfera evanescente do disco estão alguns convidados especiais: Pedro Pelotas - também da Cachorro Grande - responsável pelo piano da faixa “Pesadelo”. Também colabora o pianista Charly Coombes, californiano que já esteve envolvido com projetos com nomes como Oasis e Supergrass. Marcos Dank ressalta a importância dessas participações para o contexto do disco: “Nós sempre gostamos de incorporar a sonoridade do piano em nossas canções mas para esse projeto pensamos em fazer algo mais elaborado. O Pelotas já é nosso amigo, e o Coombes é o melhor pianista da atualidade, com certeza a densidade que alcançamos devemos a eles também”, declara.
Um Trem para Austrália
Apesar da etapa de mixagem ter ocorrido em diversos estúdios brasileiros - Casa de Rock (Curitiba), Jamute (Curitiba), Gorila (Porto Alegre) e Live Rec (São Paulo) -, o cuidado com os detalhes levou Sanjai a levar a fase de masterização do disco para Austrália, mais precisamente para o Poons Head Studios. “Esse estúdio já recebeu o Tame Empala e queríamos encontrar um lugar que já tivesse trabalhado com nomes que são influência para a banda”, afirma Marcos Dank.
Poesia e clipe novo
Para reforçar ainda mais a subjetividade do álbum, a banda resolveu homenagear o poeta curitibano Paulo Leminiski, com alguns versos – devidamente autorizados pela família do escritor – em canções como “O Silêncio e o Estrondo” e “Lua Alta”, esta última, single do disco e a primeira a ganhar um vídeo clipe.
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