O Museu Municipal de Arte ficou pequeno para o público atrás de quadrinhos, pôsteres e autógrafos dos mais de 60 desenhistas presentes na Bienal de Quadrinhos de Curitiba, realizada entre quinta-feira (8) e domingo (11). Havia artistas de todo o Brasil mostrando que o país vive um período fértil nos quadrinhos, com histórias de todos os gêneros. E Curitiba estava muito bem representada, com vários lançamentos de alta qualidade.
Mas se você não fez parte das mais de 30 mil pessoas que passaram pelo MuMA durante esses quatro dias, ainda há tempo para ir atrás do que rolou de melhor. O Caderno G foi às compras e mostra onde investiu o dinheiro na Bienal.
Vale lembrar que por mais que os desenhos muitas vezes pareçam infantis ou fofinhos, não são histórias para crianças na maioria das vezes. Por isso mesmo são tão interessantes e inusitadas. Aproveite, há uma nova e boa geração de quadrinistas despontando em todo o Brasil.
Argos – Um fim do mundo muito louco
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Em apenas 20 páginas, o roteirista Leo Martinelli constrói uma história divertidíssima e cheia de surpresas e referências aos filmes dos anos 1980, uma verdadeira ode ao mundo das videolocadoras. E o talento de Raphael Salimena para os desenhos é algo que deve ser apreciado bem de perto.
Chance
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Com desenhos fofos da gaúcha Samanta Flôor e roteiro esperto do curitibano Diogo Cesar, ‘Chance’ faz parte da coleção Tentáculos, da Polvo Rosa Books, que reúne uma nova geração de autores nacionais.
Maravilhoso
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Hiro Kawahara. Este nome, dito assim, ao léu, pode não acender nenhuma lâmpada no cérebro do leitor, mas provavelmente, com praticamente 100% de chances de acerto, você já viu um pelo menos um desenho dele na vida. Até mais de um. Hiro ilustra, há mais de 20 anos, as lâminas que vão junto com as bandejas do McDonald’s. E só agora está estreando nos quadrinhos, com “Maravilhoso”, um super-herói sem poderes. O traço que você já conhece das bandejas está lá. Mas a história é totalmente politicamente incorreta. Manda mais.
Cassandra & The Flaming Puppies
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A curitibana Amanda Barros transformou a webcomic “Cassandra & The Flaming Puppies”, sobre uma banda de rock, em um “livro do fã”, com direito a pôster, matérias, e até uma capa satírica da Gaveta do Polvo (nós gostamos, Amanda). Os curitibanos vão adorar as referências: a Pedreira Paulo Leminski e até uma capivara estão presentes.
Morte Branca
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Lançada na Bienal, a graphic novel “Morte Branca” é fruto do esforço da curitibana M. Matiazi, que criou um universo de histórias de terror chamado Crônicas de Elion. Não contente em roteirizar, ela também é responsável pelas ilustrações.
Pulp
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Financiada pelo site de financiamento coletivo Catarse, bateu a meta de arrecadação em mais de 100%. A curitibana Paco Steinberg junto com Kleber Santos e Thyago Macson levaram adiante a ideia de criar essa história que mistura terror, suspense e mistério.
Pétalas
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Preste atenção neste nome: Gustavo Borges. O jovem desenhista gaúcho não demorará a se tornar um dos maiores nomes do quadrinho nacional. Suas obras são de uma maturidade impressionante. E já fazem muito sucesso. Quanto ele colocou “Pétalas” para ser financiada no site Catarse, pediu R$ 5 mil. Arrecadou nada menos que R$ 53.427. Uma valorização de mais de 1.000%. O garoto tem futuro.
Êxodo
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No melhor espírito Monty Python, Carlos Ruas, autor das webtiras ‘Um Sábado Qualquer’, fez o roteiro de Êxodo, que analisa de forma satírica passagens do Velho Testamento. Os desenhos de Leonardo Maciel casam perfeitamente com o espírito galhofeiro da história. Mas é preciso ter bom humor e tolerância para ler.
A última bailarina
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Um apocalipse zumbi devastou a humanidade e sobraram apenas um ursinho de pelúcia fofinho desbocado, fumante e com tendências homicidas, um unicórnio sensível demais, e uma garota bailarina que não faz ideia do que está se passando. É justamente a improvável união de personagens tão distintos e o traço de Guilherme de Sousa que tornam a história hilária.
Fliperamas
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“Fliperamas” reúne várias histórias feitas por quadrinistas de todos os lugares do Brasil envolvendo o tema videogame, como o nome sugere. E dá-lhe referências aos consoles e jogos dos anos 80 e 90, como Nintendo e Sonic, e quadrinhos como Scott Pilgrim.
Ima – Sempre em Frente
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O gênero do jornalismo em quadrinhos está florescendo no Brasil. Um dos melhores exemplos é “Ima – Sempre em Frente”, de Eric Peleias. Nesta graphic novel de impacto como poucas vistas no Brasil, ele narra a tocante história de Julia, judia austríaca que sofreu na pele as atrocidades do nazismo e contou tudo para Eric, já em São Paulo. Um relato que nunca deve ser esquecido, de uma mancha que a história nunca apagará.
Blue e os Gatos
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Se existe atualmente uma combinação matadora é internet + gatos. Paulo Kielwagen, catarinense estabelecido no interior de São Paulo, adiciona ao combo o personagem Blue, um gato siamês cheio de personalidade e atitude. Além dele, Paulo criou outros personagens igualmente carismáticos, como Branco, Grampolo, Gohan e Gatão. Quadrinho ideal para a metade da população da internet, que ama loucamente gatos.
Grafipar – A Editora que Saiu do Eixo
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Nem só de quadrinhos é feita uma Bienal de Quadrinhos. De autoria do ilustrador curitibano Gian Danton, este livro conta a história da mítica editora curitibana Grafipar, que durante os anos 70 publicava quadrinhos eróticos em plena ditadura militar, quando a censura não tolerava este tipo de liberdade. O livro conta como gerações de desenhistas brasileiros “aprenderam” a fazer quadrinhos desenhando gente com pouca ou nenhuma roupa em Curitiba e como foi enfrentar a censura neste período turbulento da vida política nacional.
Revista Calafrio e Mestres do Terror
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O gênero dos quadrinhos de terror é levado extremamente a sério por seus fãs. E uma das maiores lendas dos quadrinhos de terror nacional (mesmo sendo argentino) foi Rodolfo Zalla, falecido em junho deste ano, aos 84 anos de idade. O trabalho dele está sendo recuperado pela Editora Cultura e Quadrinhos, de Ponta Grossa. Seus editores foram atrás de Zalla há alguns anos e conseguiram sua autorização para publicar material inédito. Mesmo após sua morte, sua viúva manteve o aval para as publicações. Uma boa notícia para os fãs, em meio a uma perda tão grande.
Deuses do Metal
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Zine criado por Ricardo Ugo na raça: ele fez a história, ilustrou, foi até uma gráfica, gastou uma grana para imprimir em uma impressora laser colorida (adeus, mimeógrafos) e foi dar a cara a tapa na Bienal, junto com uns colegas que nem se conheciam ainda direito (um deles o chamou de “Rodrigo”). No fim, tudo deu certo, ele apareceu com uma história pra lá de bacana sobre heavy metal, mistério e forças do além.
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