Passado e presente - Conheça um pouco sobre o meio século de história do curso de ator no Colégio Estadual do Paraná. E quem foram os alunos de maior destaque:
Com Leminski
A formação de atores faz parte da história do Colégio Estadual do Paraná desde 1952. Naquela época, o diretor era Norberto Teixeira, e a primeira peça montada foi O Filho Pródigo, um texto de Dalton Trevisan. Nove anos depois, foi a vez de Ironia, de Coelho Neto, com Paulo Leminski no elenco. Quem quisesse cursar, precisava então passar por um teste vocacional.
Amadores
O Grupo de Teatro Amador do Colégio Estadual do Paraná (Gruta) nasceu em 1966, da iniciativa de alguns alunos. O diretor Ernani Straube e o professor Telmo Faria estavam envolvidos na implantação.
Técnicos
O curso técnico em ator, de ensino médio, começou em 1982. Tinha duas habilitações possíveis: ator ou técnico de teatro. Em 1996, foi reformulado para durar quatro anos. Ironicamente, levou o mesmo tempo para ser extinto. A partir de 2000, foi interrompido.
Estrelas
Com a derradeira turma, se formaram em 2003 a atriz Marjorie Estiano e o ator Leonardo Miggiorin. Eles se juntam a Ary Fontoura, Odelair Rodrigues, Herson Capri, Ranieri González, Denise Stoklos, Letícia Sabatella, Beto Bruel, Fátima Ortiz, Regina Bastos e Luís Melo: outros ex-alunos que conseguiram uma carreira bem sucedida na televisão ou no teatro.
Retomada
Só no ano passado, o Curso Técnico em Arte Dramática foi reaberto. Este mês, a primeira turma da retomada se gradua, depois de um ano e meio de formação e de apresentarem o espetáculo Medeia Plural. Outras três turmas estão em andamento, duas para adultos e uma integrada ao ensino médio.
Um tanto da história do teatro paranaense passou pelas salas do Colégio Estadual do Paraná. Não só teatral, é verdade. Do curso de formação de atores que a instituição manteve por meio século, saíram profissionais dos palcos como o iluminador Beto Bruel, a atriz Odelair Rodrigues (1935-2003), Luís Melo e Ranieri González, e também aqueles que se consagraram na tevê, desde Ary Fontoura a Marjorie Estiano.
Fechado em 2000, quando a turma de Marjorie e do ator Leonardo Miggiorin (que estreou na minissérie Presença de Anita) se formou, o curso ficou quase uma década parado. Até que no ano passado, enfim, foi retomado. A primeira turma dessa nova geração assistiu à última aula na noite de quarta-feira e, agora, está pronta para entrar em cena.
Naldo Rodrigues é um dos mais destacados desse grupo. Ele interrompe uma gravação como locutor para conversar com a reportagem da Gazeta do Povo. Desde quando iniciou o curso de ator, em fevereiro de 2009, tem cumprido uma trajetória crescente. Fez figuração em um episódio do Casos e Causos, da RPCTV, dirigido por Fernando Severo. Agradou e foi promovido a um papel maior, com direito a nome na tela, em outro episódio. Até interpretar um fantasma de José Maria Santos num terceiro, "Um Carnaval do Outro Mundo". Sem falar nos comerciais para redes bancárias e de fast-food.
Aos 38 anos, funcionário público, administrador e especialista em gestão de pessoas, Naldo voltou a investir no sonho antigo de ser ator. Com a primeira turma de adultos dessa nova fase do curso de artes dramáticas do CEP, atuou no espetáculo Quanto Mais Millôr, assumindo vários papéis. E, na peça de formatura, foi o Jasão de Medeia Plural, falando espanhol em uma montagem que recorria a várias línguas para dar a ideia de universalidade do mito. Com ele, terminaram o curso mais 11 atores.
Outras duas turmas de adultos estão estudando um pouco de tudo sobre teatro, em aulas à noite, a semana toda. Teoria e prática, expressão corporal, atuação e caracterização. São eles quem fazem a maquiagem, os croquis dos figurinos, modelam, costuram e montam. Também aprendem iluminação e planejam os cenários. Para Medeia Plural, usaram a própria fachada do salão nobre do CEP e algumas cadeiras.
Para ingressar no curso, é preciso ter ensino médio completo e boas notas nas provas de português e matemática. A renda também conta: quanto menor, mais chances. Por enquanto, o teste vocacional fica de fora.
Garotos
Há ainda uma turma de garotos e garotas do ensino médio. Eles aprendem teatro junto das matérias do currículo normal, num sistema integrado. Maianna Debur, aluna do primeiro ano, passa o dia todo no colégio e acha "bem mais divertido" assim. "Não é amador", ela diz. "O curso ensina muita coisa, como Stanislavski e outros", completa citando o mestre russo que propôs um dos métodos mais famosos de interpretação, na virada do século 19 para o 20.
A garota de 15 anos fez vários personagens na peça Computa.Com, apresentada no festival Fera Com Ciência. Entre eles, o vírus H1N1. Agora, está ensaiando uma peça de Bertolt Brecht, Aqueles Que Dizem Sim e Aqueles Que Dizem Não. Os papeis ainda não foram distribuídos.
Quem resgatou o curso foi a ex-diretora do CEP Madselva Feiges e a professora Raquel Mastey. Esta, parou o mestrado em teatro na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), para assumir a coordenação. Desde 2000 não eram abertas novas turmas e, em 2003, a última havia se formado. A paralisação teve uma primeira causa jurídica: a sanção de uma lei que acabava com o ensino médio profissionalizante no país. Mas a lei foi revista e nada mudou. "A gente não conseguia resgatar o curso de ator. Demorou", diz Raquel.
Orgulhosa, ela conta de seus pupilos adultos que hoje atuam em longas-metragens, como o recém-gravado Circular, e comerciais de veiculação nacional. E diz que na turma de ensino médio não houve nenhuma desistência. "Uns chegam pensando que vão entrar na Malhação, mas veem que teatro é trabalho e mudam a mentalidade", relata a professora.
Nunca foi o caso de Naldo Rodrigues. Mas mesmo ele passou a acreditar mais na carreira depois de passar pelo curso. "Quero correr atrás desse sonho que deixei dormindo por 15 anos, para chegar a viver de teatro", planeja.
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