Demorou, mas um dos setores mais resistentes da economia brasileira deu os primeiros sinais de arrefecimento ao sucumbir à crise em 2015. O mercado de beleza, que até então desfrutava de crescimento em dois dígitos, enquanto os demais setores estagnavam diante da queda de consumo e recessão, mostrou o primeiro indicador negativo em 23 anos, com queda de 6,7% nas vendas entre janeiro e setembro de 2015 em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).
Blindar o setor dos efeitos da crise seria extraordinário diante da combinação perversa de fatores que atingiu toda a cadeia. Da alta do dólar, com impacto em custos de insumos, à crise hídrica, somados aos reajustes de energia elétrica e a mudança na tributação dos insumos cosméticos em março, elevando o custo do consumidor profissional entre 15 e 17%, são exemplos das dificuldades extras do período. O impacto negativo não foi maior por conta da musculatura do setor, apoiado em um mercado relevante e de alta qualidade em pesquisa e inovação para oferta de novos produtos.
O Brasil é hoje o terceiro mercado global em beleza, atrás da China e dos Estados Unidos. O brasileiro destina 2% do seu orçamento à compra de produtos de higiene e beleza, movimentando US$ 43,5 bilhões em 2014, segundo a Abihpec. Essa robustez é fundamental para dar suporte às estratégias de recuperação do setor, além de minimizar efeitos negativos da retração do mercado. Também é suficiente para manter o setor como um dos mais indicados para novos negócios e investimentos em 2016.
“Há um conjunto muito bem estruturado que sustenta a retomada, além de mudanças que aumentam a segurança do setor”, observa a coordenadora nacional de beleza e estética do Sebrae, Andrezza Torres. Uma das apostas da consultoria que promete aumentar a regulamentação do mercado é a tramitação do projeto de lei complementar 133/2015, que estabelece as regras de parceria entre profissionais dos salões de beleza. Definidos os papéis dos terceirizados, comissões e relações de trabalho, a expectativa é de estímulo a novos negócios, especialmente na área de serviços.