Convocados por meio das redes sociais e de aplicativos de mensagens, caminhoneiros autônomos de todo o país prometem iniciar na segunda-feira (9) uma paralisação por tempo indeterminado. Com adesão incerta, dessa vez o bloqueio nas estradas é motivado por questões políticas e não por uma pauta de reivindicações da categoria. O grupo que organiza a greve pede a renúncia da presidente Dilma Rousseff.
A convocação é liderada pelo Comando Nacional do Transporte, movimento que se declara independente de sindicatos e se organiza através das redes sociais. A página do grupo no Facebook foi criada em dezembro de 2014 pelo caminhoneiro autônomo Ivar Luiz Schmidt, que aparece em vídeos ao lado de grupos anti-Dilma como Vem Pra Rua, Brasil Livre, Avança Brasil e Revoltados On Line.
“Nossa principal reivindicação neste momento é a renúncia da presidente Dilma Rousseff. Porque o governo dela recebeu a nossa pauta de reivindicações no mês de março. A reivindicação mais fácil de ela ter atendido era a exclusão das multas do pessoal que estava na greve anterior. Não foi atendida. Então dona Dilma, senhor Cardozo e senhor Lula, agora os caminhoneiros acordaram e vão acordar o país também”, diz Schimidt em um dos vídeos postados na página do grupo, que tem cerca de 31,6 mil curtidas.
Diferentemente da greve de fevereiro deste ano, a paralisação da próxima semana não tem o apoio dos sindicatos da categoria. A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) informou que o atual movimento é induzido por intenções políticas e que acredita que isso desvia o foco das reivindicações legítimas da categoria.
“Entendemos que o modo de fazer paralisação não é esse, sem uma pauta clara e sem sindicatos. A partir do momento em que pessoas que se dizem lideranças utilizam a insatisfação dos caminhoneiros para bloquear rodovias para promover a queda da presidente, não há como a CNTA apoiar”, informou a entidade por meio de sua assessoria de imprensa.
Negociação
A ausência de uma pauta de reivindicações e lideranças unificadas nos bloqueios do começo do ano já haviam complicado a negociação entre os caminhoneiros e o governo federal. Na ocasião, os manifestantes reclamavam da alta do preço do diesel e também pediam a criação de uma tabela única nacional de preços de frete; a prorrogação das dívidas contraídas com a compra de caminhões e a isenção da cobrança de pedágio para eixos suspensos.
Segundo a CNTA, parte das promessas feitas pelo governo não foram cumpridas, mas a entidade destaca que houve avanços e que o canal de negociação se manteve aberto. “A gente não gostaria da adesão dos caminhoneiros na paralisação, mas acredita que vai acontecer sim. O que preocupa são os dias parados que são prejuízos para os caminhoneiros e também as multas por conta dos bloqueios”, afirmou a confederação. Existem hoje cerca de 1 milhão de caminhoneiros autônomos no país.