Em tempos de crise os consumidores procuram alternativas para economizar. Com inflação em alta e a renda em baixa, muitas pessoas têm priorizado compras mensais maiores, feitas nos atacados de autosserviço (popularmente conhecido como “atacarejos”), que oferecem preços mais competitivos, especialmente para compras em volumes maiores.
De acordo com os dados do ranking da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), em parceria com a Nielsen, a participação dos “atacarejos” nos gastos do consumidor cresceu 29%, enquanto a dos mercados cresceu 17% em 2014.
Esse aumento deve-se principalmente aos consumidores dos grandes centros urbanos, que têm feito as compras do mês neste tipo de segmento, deixando os produtos de reposição do dia a dia para as lojas de vizinhança, que cobram preços mais altos, mas exigem menos deslocamentos.
João Carlos Destro, diretor do Grupo Destro, responsável pelo Armazém da Maria, localizado no Hauer, em Curitiba, afirma que o setor não está sofrendo com a retração que abala o varejo tradicional desde o começo do ano. “Todo dia a gente percebe clientes novos na loja, que entram e não sabem onde estão as mercadorias, então a gente sabe que é a primeira vez deles aqui. Têm pessoas atravessando a cidade para vir comprar conosco”, afirma.
Todo dia a gente percebe clientes novos na loja, que entram e não sabem onde estão as mercadorias, então a gente sabe que é a primeira vez deles aqui. Têm pessoas atravessando a cidade para vir comprar conosco.
O Armazém da Maria é a primeira loja de “atacarejo” do Grupo Destro, que teve faturamento de quase R$ 2 bilhões no ano passado. Segundo João Carlos, o segmento é uma aposta. “Todo o nosso crescimento nos próximos anos vai ser baseado em ‘atacarejos’. Estamos abrindo um agora em Campinas e devemos abrir outros no Paraná”, diz.
Preço mais baixo
O interesse do consumidor por esse tipo de mercado tem a ver, basicamente, com o preço. Os “atacarejos” geralmente cobram dois valores em cada produto: um para a compra unitária e outro para a compra em quantidade ou em caixas fechadas.
Como negociam as mercadorias diretamente com a indústria e têm margem de lucro menor do que o varejo tradicional, os “atacarejos” conseguem oferecer preços mais competitivos, que podem gerar até 20% de economia no fim de uma compra grande.
No último ano, os “atacarejos” investiram em ampliar a oferta de produtos, o que gerou um aumento nas vendas de alimentos perecíveis como carnes, lácteos, frutas e verduras, com preços competitivos concorrendo com os tradicionais sacolões e hortifrutis dos bairros.
“Nesse modelo, quanto mais o consumidor compra, menos ele paga. Isso incentiva a ter um controle de orçamento maior”, afirma Eduardo Muffato, diretor e responsável pela marca de “atacarejos” do Grupo Muffato, o Muffato Max. Ele estima um aumento de 12% no movimento da rede desde o começo do ano.
Segundo Eduardo, é muito comum também ver grupos de familiares ou vizinhos que vão juntos às compras para economizar. “Eles se reúnem em três e vêm comprar. Levam cinco litros de detergente, por exemplo, e depois dividem tudo em casa”, diz.
O Grupo Muffato abriu o primeiro “atacarejo” em Foz do Iguaçu, oeste do estado, há cerca de 10 anos. Além dele, agora possui seis unidades: em Curitiba, Cascavel, Maringá, Paranaguá e Presidente Prudente (SP). No ano passado, o grupo teve um faturamento de R$ 3,7 bilhões.
Para economizar
Atacarejos e sacolões são opções que podem ajudar no orçamento doméstico. Veja onde encontrar alguns em Curitiba e região: