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Conta de luz no Paraná já subiu 51% neste ano

Preço da energia pesa cada vez mais no bolso do brasileiro: “esqueletos” do setor podem encarecer ainda mais a tarifa no futuro. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Preço da energia pesa cada vez mais no bolso do brasileiro: “esqueletos” do setor podem encarecer ainda mais a tarifa no futuro. (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

A tarifa de energia elétrica no Paraná vai ser reajustada em 15,32%, na média de todas as classes de consumo, a partir do próximo dia 24. O reajuste anual foi autorizado nesta terça-feira (16) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para a alta tensão, que abrange principalmente o setor industrial, o aumento será de 15,61% e, para o consumidor residencial, de 14,62%.

O aumento da conta de luz – o segundo neste ano – vai “zerar” a defasagem das tarifas da Copel, que em 2013 e 2014 havia segurado parte dos reajustes aprovados pela Aneel. Com isso, depois de suportar um aumento brutal de 2013 para cá, o cliente da empresa tende a arcar com altas um pouco mais suaves daqui em diante. Mas, uma vez que o setor elétrico nacional carrega um passivo de R$ 65,8 bilhões, que não se sabe como será coberto, ninguém garante que o consumidor – do Paraná e de outros estados – estará livre de sustos no futuro.

Somando o novo aumento ao reajuste extraordinário aplicado em março, de 31,87%, a fatura das residências do Paraná subiu 51% apenas em 2015. Nos últimos dois anos, o valor da tarifa mais que dobrou – mais precisamente, subiu 104%. E essa conta não inclui o impacto da bandeira tarifária vermelha, cobrada quando há restrições na geração hidrelétrica e que hoje impõe um adicional de R$ 5,50 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

“Pior já passou”

Para o diretor de distribuição da Copel, Vlademir Santo Daleffe, a companhia entra agora em “um ciclo um pouco mais estável”. “Acho que o pior já passou para o consumidor. O cenário que se desenha indica que podemos esperar para 2016 um aumento não superior à inflação”, diz.

Segundo ele, a demanda da distribuidora está 100% contratada pelos próximos três anos e, por isso, a companhia não precisará recorrer à compra de energia a preços elevados no mercado à vista, como fez até 2013.

Outro ponto positivo é que, com o fim das concessões de uma série de hidrelétricas nos próximos meses – entre elas a Parigot de Souza, da Copel –, a energia dessas usinas deve ser dividida entre as distribuidoras na forma de cotas, a valores bem mais baixos que os atuais, o que tende a aliviar os custos do setor.

Na avaliação de Daleffe, a única fonte de pressão certa para as tarifas a partir de 2016 é o início do pagamento dos empréstimos emergenciais que as distribuidoras contrataram no ano passado.

Menos otimista, o diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico (Ilumina), Roberto Pereira D’Araújo, observa que ainda não há solução para uma série de “esqueletos” que o setor elétrico vem acumulando por causa dos efeitos da estiagem e, principalmente, da Medida Provisória 579, que baixou por decreto as tarifas no início de 2013.

O passivo inclui indenizações devidas a empresas de transmissão e geração e, pelas contas da consultoria PSR e do Ilumina, soma R$ 65,8 bilhões. “A questão é que não se sabe se no fim esses esqueletos serão repassados ao consumidor nos reajustes anuais das distribuidoras, ou se novamente haverá um reajuste extraordinário, ou o quê. Ninguém sabe.”

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