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Faculdades privadas ignoram crise e mantêm crescimento

Ampliação da Faculdade Sant’Ana, em Ponta Grossa, com prédio de sete andares e 30 novas salas: concorrência acirrada no setor | Josue Teixeira/Gazeta do Povo
Ampliação da Faculdade Sant’Ana, em Ponta Grossa, com prédio de sete andares e 30 novas salas: concorrência acirrada no setor (Foto: Josue Teixeira/Gazeta do Povo)

A cada 10 universitários, em média, sete estudam em faculdades ou universidades particulares no Brasil. A proporção revela um setor consolidado na economia. Nos últimos dois anos, o faturamento das instituições privadas de ensino superior cresceu 27% com novos cursos e matrículas.

A receita bruta do setor, que em 2012 era de R$ 28,2 bilhões, deve fechar este ano com R$ 35,9 bilhões, segundo projeção da consultoria Hoper. "Apesar de estarmos vivendo uma recessão técnica, o setor deve continuar crescendo pelo menos nos próximos dois anos", diz o analisa de mercado da Hoper, Alexandre Nonato.

A demanda de mercado e os programas federais de incentivo ao ensino superior privado justificam o otimismo. Das 7,03 milhões de matrículas nas graduações, 5,1 milhões são em instituições privadas. Em 2012, segundo o Censo da Educação Superior, o país tinha 2,1 mil centros particulares do total de 2,4 mil instituições de ensino superior registradas. Como o vestibular das públicas é mais concorrido, a demanda nas particulares aumenta. O estudo mostra que, nas instituições públicas, a concorrência era de 12,2 candidatos por vaga, caindo para 1,6 nas particulares.

O ingresso é facilitado, mas a manutenção no curso depende da situação financeira do aluno. Segundo a Hoper, a mensalidade média no país é de R$ 645. Para atrair o público de baixa renda, os programas federais são um forte aliado. O Programa Universidade para Todos (Prouni), por exemplo, distribuiu 252,3 mil bolsas no ano passado, sendo 19,2 mil no Paraná. A instituição que fornece os descontos, integrais ou parciais, recebe isenções tributárias. O estudante que não se encaixa no Prouni acessa o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que financia o estudo de cursos presenciais com juros anuais de 3,4%.

"Hoje o setor depende dos programas e é importante que haja novas iniciativas para incentivar o ensino superior, como a ampliação do Fies para os cursos de ensino à distância", comenta Nonato. Só em 2005, quando o Prouni foi lançado, segundo dados da consultoria, a taxa de crescimento das instituições privadas foi de 9,1%. Desconsiderando as bolsas, o aumento teria sido de 1,5%.

O grupo Kroton, que é líder nacional no segmento, informou que os programas de incentivo federais foram e continuam sendo um incentivo para todas as classes sociais ingressarem no ensino superior, mas que, além disso, o ensino à distância permite a inclusão porque não impõe barreiras físicas para a busca do diploma. Por causa da demanda, a Kroton adianta que pretende abrir mais 20 novas unidades e 400 polos de ensino à distância nos próximos anos no país e que os planos de expansão incluem o Paraná.

Qualidade dos cursos depende de avaliação do Ministério da Educação

Assim como nas instituições públicas, o Ministério da Educação (MEC) avalia a qualidade das faculdades e universidades privadas. No caso do Prouni, por exemplo, as instituições com conceitos baixos são descredenciadas do programa. No Paraná, das 141 instituições privadas avaliadas em 2012, a maioria, 101, tinha conceito 3 no Índice Geral de Cursos (IGC). O indicador é feito numa escala de 1 a 5, sendo o 3 considerado satisfatório pelo MEC. Nenhuma instituição do estado, no entanto, alcançou conceito 5. O desempenho individual da instituição pode ser consultado no endereço http://emec.mec.gov.br.

O diretor da Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular (Funadesp), Cícero Gontijo, concorda com o crescimento das instituições privadas na economia, mas diz que é preciso que o aumento seja acompanhado de qualidade na prestação do serviço. "Não adianta só dar diploma, é importante que elas coloquem profissionais qualificados no mercado", aponta.

Nesse sentido, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) baseou o planejamento estratégico dos próximos anos em novas tecnologias para buscar a inovação no processo pedagógico, no desenvolvimento de pesquisas e na ampliação da sua posição em rankings internacionais.

Gontijo lembra que o fenômeno da aquisição de universidades e de fusões no setor também devem afetar o desempenho do aluno. "Quando isso acontece, o aluno tem que se adaptar a mudanças nas instalações físicas, no método de ensino e no sistema de avaliação. As instituições têm que estar atentas a isso", considera.

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