A Bematech, adquirida pela Totvs em 2015, unificou suas operações em uma nova sede em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. A empresa aposta em Internet das Coisas e terá investido R$ 9 milhões no desenvolvimento de novos produtos e soluções até o final de 2018.
A nova sede da Bematech fica no Portal do Porto, um complexo industrial em São José dos Pinhais, no trevo da BR-277. A Bematech consolidou as suas operações — corporativo, desenvolvimento e fábrica — em um espaço ali de três mil metros quadrados, onde trabalham 250 colaboradores. O valor investido na nova sede não foi revelado. Além dessa unidade, a Bematech ainda conta com escritórios na China e em Taiwan, e um centro de desenvolvimento nos Estados Unidos.
Eros Jantsch, CEO da Bematech, disse que a nova sede foi pensada com uma série de conceitos modernos de colaboração, como a metodologia Kaizen, focada em melhoras contínuas em todos os aspectos da operação, e influenciada pela Totvs, que adquiriu a empresa em 2015 por R$ 549,8 mil.
A fábrica produz 25 mil itens por mês, entre impressoras e soluções completas de ponto de venda. Ela funciona com dez células de produção, em vez de linhas, e a produção ocorre de acordo com a demanda dos pedidos. O Bemacash, solução de ponto de venda para pequenas empresas, por exemplo, é montado e personalizado por apenas um funcionário. Nas células, que respondem principalmente pelas impressoras, nove operadores e um facilitador.
Laércio Cosentino, CEO da Totvs, veio a Curitiba para a apresentação da nova sede da Bematech. O executivo disse que “ao mesmo tempo em que passa pela transformação digital, a Totvs estimula outras empresas a fazerem o mesmo. O desafio é lidar com o volume e o compartilhamento de informações”.
A nova sede da Bematech é parte da jornada de transformação digital iniciado pela Totvs em 2015, com previsão de ser concluída em 2019. Ela marca, também, o novo posicionamento da Bematech, que passa a focar em Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) a fim de oferecer a seus clientes, empresas de todos os portes, inteligência a partir dos dados gerados na relação com o consumidor.
A aquisição pela Totvs e integração das operações permitiu à Bematech focar em hardware e desenvolver uma plataforma de serviços digitais em torno dos dispositivos que produz e vende. “O maior desafio não é ter o dispositivo conectado, mas fazer a gestão dos dados que esse dispositivo gera. Para isso, temos uma plataforma de IoT”, disse Jantsch. A superação desse desafio passa pelos dispositivos conectados e a nova plataforma de IoT da empresa.
O executivo se utiliza de aplicações voltadas ao consumidor final, como Uber, iFood e Spotify, para exemplificar o que o objetivo da Bematech. “Queremos, nos negócios, as mesmas experiências que temos em apps de consumo. Quando entra na loja, o consumidor espera essas experiências digitais”, disse. Levar ao ambiente de negócios físico a mesma personalização e inteligência advinda de dados, tão comuns no ambiente digital, é o mote da nova fase da Bematech.
Novos produtos
A Bematech apresentou dois novos produtos. O primeiro deles é o bemaGo, um pacote completo e de fácil instalação que serve para informações estratégicas para pequenas empresas. O objetivo é que o interessado consiga, sem dificuldade, fazer a instalação e analisar os dados gerados. “Tão fácil de instalar quanto um roteador Wi-Fi”, disse Jantsch.
O bemaGo é composto pelo gatewatGo, que funciona como a central da plataforma de IoT da Bematech. O kit ainda conta com dois sensores para analisar a presença de consumidores na loja (um quantitativo e outro qualitativo) e inclui os serviços de inteligência artificial da Totvs. Aplicativos com painéis para analisar os dados gerados também são disponibilizados, embora a plataforma permita que empresas maiores desenvolvam visualizações e soluções próprias em cima dos dados coletados.
Foram feitas duas demonstrações do bemaGo. Na primeira (acima), um totem com tela e câmera analisava a pessoa parada em frente e, de acordo com suas características, como vestimenta, presença de óculos ou pelos faciais, exibia anúncios de produtos relacionados na tela. Alguém com barba, por exemplo, era apresentado a anúncios de uma barbearia. Nos bastidores, o sistema da Bematech/Totvs processava os dados das pessoas no ambiente e fornecia informações valiosas ao dono do negócio, como o tráfego de pessoas no ambiente e características demográficas (idade, gênero), além do humor das pessoas.
O outro exemplo do bemaGo foi uma gôndola inteligente. Com a ajuda de beacons Bluetooth instalados nos produtos, quando algum cliente pegava um dos produtos expostos, uma tela exibia informações detalhadas na tela.
O custo do bemaGo é de R$ 900 e livre de mensalidades. A Bematech estuda implementar uma cobrança recorrente para clientes que queiram mais funcionalidades ou demandem mais recursos. O produto também pode ser adquirido também na forma de serviço, com o pagamento feito em mensalidades — cerca de R$ 140 nos dez primeiros meses, para pagar o hardware, e R$ 70 dali em diante.
A outra novidade mostrada foi um ponto de venda completo na forma de um dispositivo compacto, com dimensões similares às das maquininhas de cartão. Chamado posGo, ela tem uma tela de 5,5 polegadas e roda Android. Suas funcionalidades incluem o recebimento de pagamentos, leitura de códigos de barras e uma impressora embutida para emissão de recibos. É uma solução completa, móvel e, segundo a Bematech, acessível ao pequeno varejista.
Totvs e a Bematech reforçaram a natureza aberta das soluções apresentadas e o foco em empresas de todos os portes, mesmo as que não tenham estrutura para desenvolverem, por conta própria, soluções sofisticadas de IoT. Para essas, a solução de fábrica já contemplará as necessidades básicas do negócio.
As que ingressarem na plataforma da Bematech poderão integrar sensores e soluções em software de rivais sem qualquer atrito. No caso da posGo, por exemplo, Jantsch revelou que mais de 100 empresas de software já estão desenvolvendo soluções a partir do produto.