A Nubank, uma das principais startups brasileiras de serviços financeiros que oferece cartão de crédito sem anuidade, teve prejuízo de R$ 122 milhões em 2016. Com o resultado, a empresa acumula, desde a sua fundação em 2013, R$ 161,8 milhões em perdas. Os números, apesar de negativos, são um retrato do crescimento acelerado do negócio que foca em investir em tecnologia e na expansão da carteira de clientes para ter grandes lucros no futuro.
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A empresa publicou o seu balanço financeiro na última quinta-feira (20). Nele, destacou o sucesso da sua proposta de valor perante ao público e afirmou que se encontra em fase de crescimento acelerado de suas operações. E, como está nessa fase do negócio, precisa fazer investimentos em tecnologia, na análise de novos clientes e na produção e envio de cartões antes que os clientes se tornem rentáveis para a companhia, o que justifica os resultados negativos.
A opção de focar no crescimento em detrimento do lucro em um primeiro momento é comum no universo de startups. A Uber, por exemplo, já queimou US$ 8 bilhões desde 2009 e só no ano passado teve prejuízo de US$ 2,8 bilhões. A Amazon passou sete anos no vermelho após abrir capital na bolsa de Nasdaq, em 1996.
A lógica é investir o suficiente para crescer rápido e conquistar o mercado. Depois, com uma extensa carteira de clientes e um modelo de negócio validado e rentável, o lucro acaba sendo uma consequência inevitável. Claro que, nesse período, algo pode dar errado e o negócio sair do mercado, mas não é isso o que projeta a Nubank.
A startup afirma que já recebeu nove milhões de pedidos para seu cartão de crédito e que o lucro virá no futuro. “O plano de negócio do Nubank prevê que o crescimento no volume transacionado dos cartões já emitidos, bem como novos cartões e/ou novos produtos resultarão em geração de lucros no futuro”, relata a empresa em seu balanço.
Atualmente, a Nubank lucra com a taxa de intercâmbio, ou seja, uma porcentagem cobrada do lojista sobre cada compra realizada por um cliente com o cartão de crédito roxo. Parte do percentual é dividida com a bandeira do cartão, a Mastercard. A startup também ganha com os clientes que atrasam ou deixam de pagar as faturas.
Mas essas formas de rentabilidade podem ser insuficientes no futuro para tornar o negócio lucrativo. Então, a empresa prepara o seu programa de fidelidade que já está em teste e deve ser lançado em breve. Ele deve ter mensalidade de R$ 19,90. Especula-se também que a empresa pode entrar no segmento de empréstimos.
Em 2016, a Nubank faturou R$ 77 milhões, valor quase oito vezes superior ao registrado no ano anterior, quando a receita da empresa foi de R$ 10 milhões. A startup já recebeu R$ 587 milhões em investimentos, fruto de aportes feitos pelos fundos Sequoia Capital, Kaszek, Tiger Global Management e Founders Fund.