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Mobilidade urbana

Usuários reclamam do novo app da 99; empresa promete melhorias

Ícone do novo app da 99. | Maicon J. Gomes/Gazeta do Povo
Ícone do novo app da 99. (Foto: Maicon J. Gomes/Gazeta do Povo)

O novo aplicativo da 99, lançado na última sexta-feira (26), unificou as modalidades de carros convencionais (99POP) e táxis e promete ser até 20% mais rápido na hora de encontrar um motorista disponível. Apesar das vantagens, muitos usuários têm reclamado da atualização, que teria removido funcionalidades importantes e imposto exigências que atentam contra a privacidade.

No início de 2018, a 99 foi comprada pela chinesa Didi, por valor não divulgado, o que elevou o valor de mercado da empresa para US$ 1 bilhão. Anteriormente, em janeiro de 2017, a Didi tinha liderado um investimento de US$ 100 milhões na 99.

Na Play Store, a loja de apps do Android, a reclamação mais recorrente dos usuários após a atualização do app da 99 é referente à remoção do cartão de débito como opção de pagamento. Agora, apenas cartão de crédito e PayPal são aceitos. A medida também gerou insatisfação entre os motoristas, que, além da extinção do débito, reclamam que o novo app não oferece a possibilidade de chamar um táxi sem desconto.

Outra reclamação recorrente entre os usuários do app para Android diz respeito à localização do passageiro no ponto de partida. Uma escreveu, nos comentários da Play Store, que “não é possível encontrar os endereços na busca, minha casa não existe mais”. Outros reclamam que o app não respeita o endereço digitado: “colocamos o endereço completo e o aplicativo coloca uma estimativa [de] número, mesmo após eu colocar o número correto”. Um terceiro usuário comenta que “nessa atualização você digita o endereço com a numeração correta, porém, na hora de confirmar, o app especifica outra numeração e não permite [a] você alterar para a correta, quer que selecione no lixo do mapa”.

No Android, outra questão preocupa: a exigência de permissões para que o app funcione. A lista completa é extensa e inclui permissões que não são fundamentais ao funcionamento do app, como acesso à câmera, acesso às fotos e vídeos do dispositivo, controle da lanterna, pareamento com dispositivos Bluetooth, acesso ao microfone, acesso aos contatos, recuperação de apps em execução e leitura de “dados de registro de informações confidenciais”.

Em testes feitos pela Gazeta do Povo, foi constatado que o app só abre se tiver as seguintes permissões: localização, armazenamento e acesso ao telefone. As duas últimas não são, a princípio, essenciais, e poderiam ser requisitadas apenas quando o usuário se deparasse com a necessidade.

No iOS (iPhone), O app exige apenas a localização durante o uso para funcionar.

A crítica mais grave, porém, é o compartilhamento do número do passageiro com o motorista. Nas opções do aplicativo, existe um campo que permite desativar isso; ele vem desmarcado por padrão e está escondido nas opções do aplicativo.

A designer Lilian Rega, de São Paulo, foi abordada via WhatsApp por um motorista após uma corrida contratada pelo novo app da 99. O motorista lhe ofereceu corridas por fora do aplicativo. Ela se sentiu incomodada com a abordagem e se disse insatisfeita com o fato: “do mesmo jeito que ele mandou oferecendo uma corrida, poderia ser uma cantada, uma ameaça”, disse. Ela comentou que só descobriu a opção de desativar o compartilhamento do número com motoristas após uma amiga lhe falar, e acha que essa opção deveria vir desativada por padrão.

O que diz a 99

Procurada pela reportagem, a 99 ofereceu respostas a todas as reclamações dos usuários.

Sobre a remoção do débito, disse que “a opção estará funcionando normalmente até o próximo final de semana. Os carros vão aceitar pagamento no débito em todo Brasil. Crédito continua sendo aceito apenas pelo pagamento in-app”.

A opção de débito in-app, ou seja, sem precisar passar o cartão ao fim da corrida, aparecerá “em breve”. Segundo a 99, “tínhamos a funcionalidade de pagamento no débito no app antigo, mas ainda não inserimos na nova versão. Iniciaremos pela opção de débito pelo Bradesco e, na sequência, partiremos para outros bancos e bandeiras para pagamento em débito direto”.

A respeito dos problemas com a localização do ponto de partida das corridas, a 99 afirma que “está ciente desse problema”, e que “nos últimos dias estamos trabalhando intensamente para solucioná-lo o mais rápido possível. Acreditamos que nos próximos dias tudo estará normalizado. Todas as demandas que chegam via usuários passam a ser estudadas rapidamente pela nossa equipe, ainda mais quando tratamos de aspectos extremamente funcionais”.

Sobre as permissões que o app para Android exige, a 99 diz que apenas duas são obrigatórias: fotos/mídia/arquivos e telefone. (Na prática, há uma terceira, a da localização do usuário.) Elas são obrigatórias, segundo a empresa, porque “além de garantir o funcionamento completo, essas permissões garantem uma experiência mais segura e rápida para o passageiro, que pode, por exemplo, alterar sua foto de perfil e identificar problemas de funcionamento”.

Especificamente sobre a permissão de “dados de registro de informações confidenciais”, a 99 afirma que ela não é utilizada e que será removida nos próximos 30 dias, em uma atualização futura do app.

Por fim, a respeito do compartilhamento do número do passageiro com os motoristas, a 99 argumenta que “o número ajuda o motorista a localizar o passageiro ou entrar em contato caso exista algum problema”, mas que “é lógico que pensamos nos usuários que não gostam”, referindo-se à opção de desativar esse compartilhamento. A 99 ressalta que “se o passageiro não quiser ligar para o motorista ele pode usar as features de mensagem dentro do próprio aplicativo”, uma das novidades da nova versão do app.

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