Em dez anos, o Paraná perdeu 54.411 jovens em idade produtiva, sendo que cidades menores e rurais, com menos oportunidades de estudo e trabalho, foram as que mais sofreram com o êxodo. Dos 399 municípios do estado, apenas 53 (o equivalente a 13%) ganharam população dentro da faixa etária de 20 a 29 anos, enquanto os outros 346 registraram redução. O levantamento é um recorte dos dados dos Censos de 2000 e 2010, feito pelo economista e geógrafo François Bremaeker, gestor do Observatório de Informações Municipais
Em números absolutos, Foz do Iguaçu é a cidade paranaense que mais sofreu com a queda da população jovem na década passada, com 8.780 pessoas a menos. Apesar de ser de porte médio, o município fronteiriço aparece em 3.º lugar no ranking geral do país, atrás apenas Ilhéus (BA) e Santarém (PA). O número representa uma diminuição de 20% nos jovens de 20 a 29 anos.
“Essa perda não é exclusividade dos jovens. Foz está perdendo população em todas as faixas etárias. Pode ser pela questão da violência ou apenas de migração mesmo”, avalia Marisa Valle Magalhães, demógrafa no Núcleo de Estudos Sociais e Populacionais do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
No Censo de 2000, Foz tinha 258.543 habitantes. Em 2010, o município apareceu com 250.918, ou seja, uma retração de 2,9% na população geral. De acordo com último Mapa da Violência, a cidade aparece em 46.º lugar no ranking das cidades com mais de 20 mil habitantes com as maiores taxas médias de homicídios e de óbitos por armas de fogo. É a quinta cidade mais violenta do Paraná.
Ao todo, nove municípios paranaenses aparecem no ranking dos que mais perderam jovens proporcionalmente ao total da população, são eles: Altamira do Paraná, Nova Tebas, Corumbataí do Sul, Nova Cantu, Bela Vista da Caroba, Manfrinópolis, Bom Jesus do Sul, Godoy Moreira e Lindoeste.
Segundo Bremaeker, autor do estudo, os jovens mudam de cidade normalmente por dois motivos: para estudar e por não encontrarem campo de trabalho. “Há de fato uma tendência em municípios menores, que não oferecem estudos mais avançados pela própria falta de mercado, de sofrerem com uma migração da população que se encontra no início da idade mais produtiva”, afirma.
Grandes centros
Apenas duas cidades do estado – Curitiba e Maringá – figuram entre as que mais ganharam população jovem na década passada. A capital aparece em nono no ranking geral nacional, com mais 42.519 jovens, que representam um aumento de 13% da população entre 20 e 29 anos. Bem atrás, Maringá está no 26.º lugar na lista, com ganho de 15.732 jovens.
Segundo a pesquisadora do Ipardes, os dois municípios atraem mais jovens por serem maiores e, teoricamente, oferecerem mais oportunidades de emprego. “O ganho poderia ainda ser maior se não fosse a violência e a taxa de fecundidade em queda”, diz.