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No escritório

Música ajuda a trabalhar melhor

Silvio Silva, da Lumen Design, empresa onde todos os funcionários escutam a mesma música: opção por sintonizar uma rádio | Antônio Costa/ Gazeta do Povo
Silvio Silva, da Lumen Design, empresa onde todos os funcionários escutam a mesma música: opção por sintonizar uma rádio (Foto: Antônio Costa/ Gazeta do Povo)

O cara no cubículo ao lado está papeando no telefone. Do outro lado da sala, alguém começa a xingar em alto e bom tom a copiadora porque o papel engatou.

De repente, os fones de ouvido na sua mesa começam a ter um grande apelo. Será que alguém se importaria se você ligasse sua playlist do iTunes por um tempinho?

Alguns funcionários gostam de ouvir música quando percebem que estão perdendo a concentração. Eles podem plugar seus fones para fugir de um ambiente que seja barulhento – ou quieto – demais ou para dar mais vida a um trabalho repetitivo.

Em termos biológicos, sons melodiosos ajudam a encorajar a liberação de dopamina na área de recompensa do cérebro, o mesmo efeito de se comer algo gostoso, olhar para algo bonito ou sentir um aroma agradável, segundo diz o Dr. Amit Sood, médico de Medicina Integrativa da Clínica Mayo.

A mente das pessoas tende a divagar, "e nós sabemos que uma mente que divaga fica infeliz", disse Dr. Sood. "Na maior parte do tempo, nós acabamos nos concentrando nas imperfeições da vida". A música pode trazer-nos de volta ao momento presente.

"Ela tira você desses pen­­­­­samentos", disse Teresa Lesiuk, professora assistente no programa de musicoterapia na Universidade de Miami.

A pesquisa da Dra. Lesiuk se concentra no modo como a música afeta o desempenho no local de trabalho. Em um estudo envolvendo especialistas em Tecnologia da Informação, ela descobriu que aqueles que ouviam música completavam suas tarefas com maior rapidez e chegavam a ideias melhores do que os que não ouviam música, porque ela melhorava seus humores.

"Quando você está estressado, pode acabar tomando suas decisões com maior pressa; você tem um foco de atenção muito pequeno", disse ela. "Quando você está com um humor positivo, você é capaz de aceitar mais opções."

A Dra. Lesiuk descobriu que a escolha pessoal de música era muito importante. Ela permitiu que os participantes de seu estudo selecionassem qualquer música de que gostassem e que ouvissem por quanto tempo quisessem. Os participantes com habilidades moderadas em seus trabalhos foram os que mais se beneficiaram, enquanto os especialistas tiveram pouco ou nenhum efeito. Alguns iniciantes foram da opinião que a música lhes distraía.

A Dra. Lesiuk também descobriu que, quanto mais velho o funcionário, menos tempo ele passa ouvindo música no trabalho.

Política interna

Poucas empresas têm políticas sobre ouvir música no trabalho, disse Paul Flaharty, vice-presidente regional da Robert Half Technology, uma agência de RH. Mas ainda assim é uma boa ideia verificar antes com o supervisor, mesmo que veja outros funcionários com fones de ouvido no escritório.

Ele disse que alguns supervisores podem achar que os funcionários usando fones de ouvido não estão plenamente envolvidos com o trabalho e que estão evitando interações importantes "porque estão se isolando em seu próprio mundo".

"Se alguém não está trabalhando direito", ele disse, "aí pode vir um dos gerentes e dizer que ele só fica ouvindo música o dia inteiro e isso está atrapalhando a produtividade".

Para aqueles que escolhem ouvir música, o melhor é estabelecer limites, porque usar fones de ouvido o tempo inteiro pode ser visto como falta de educação por quem estiver por perto.

Concentração

O Dr. Sood, da Clínica Mayo diz que um tempo de apenas 15 minutos a meia hora de música já basta para recuperar a concentração. Músicas sem letras costumam funcionar melhor, segundo ele.

Daniel Rubin, colunista do Philadelphia Inquirer, disse ter o costume de ouvir jazz e concertos de piano durante a maior parte de sua carreira de 33 anos no jornal – mas só quando escrevia próximo do prazo. Ele começou usando um Sony Walkman, mas agora faz uso dos seus 76 dias de música disponíveis na playlist de seu iTunes.

"O colega batucando com os dedos a três mesas de distância e o outro cantarolando do meu lado fazem uma quantidade igual de barulho e é difícil de ignorar", ele disse.

Trabalho individual

Como colunista, ele quase sempre trabalha sozinho, e as pessoas em seu escritório raramente precisam abordá-lo. Mas quando ele fazia uma equipe com outros repórteres, percebeu que seus colegas ficavam irritados tentando chamar sua atenção. "Era incômodo porque de repente você ouvia ‘Dan... DAN... DAN RUBIN!’ As pessoas gritavam com você porque estavam precisando de você".

Andrew Enders, de 28 anos, advogado e corretor de seguros de Linglestown, Filadélfia, disse que ele e um colega fizeram amizade por conta de uma estação de rádio local quando trabalharam no escritório do promotor público do condado de Dauphin. Eles desligavam o rádio só quando estavam com um cliente e abaixavam o volume quando o chefe estava por perto.

"Eu trabalho com coisas muito sérias, revisando apólices de seguro e avaliando risco e responsabilidades legais", disse Enders. "Uma grande parte da minha personalidade é o lado artístico, e a música ajuda a equilibrar como eu sou como um indivíduo com o que eu faço no trabalho".

Tradução: Adriano Scandolara

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