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Isolamento

Quem trabalha em casa se sente abandonado pelos colegas. Mas não precisa ser assim

Especialistas garantem que trabalho remoto não precisa ser sinônimo de perda do contato social | Pixabay/
Especialistas garantem que trabalho remoto não precisa ser sinônimo de perda do contato social (Foto: Pixabay/)

A busca pela redução de custos com funcionários e instalações tem tornado o trabalho remoto cada vez mais comum. É uma tendência mundial. Em meio a este cenário, trabalhar no conforto de casa se tornou um sonho para muita gente. Mas não são poucas as pesquisas que atestam: nem tudo são flores quando o assunto é o home office.

Um problema comum entre as pessoas que executam suas atividades à distância é o isolamento. Se você está no escritório, encontra seus colegas todos os dias, cria vínculos afetivos e profissionais e tem de perto uma visão global do que executa. Tudo isso se torna mais difícil quando se está fora da empresa.

Uma pesquisa dos consultores estadunidenses Joseph Grenny e David Maxfield que ouviu mais de mil trabalhadores mostra que profissionais remotos se preocupam muito que os colegas os difamem pelas costas, mudem projetos sem avisá-los e minimizem suas prioridades. De acordo com o estudo, essa sensação inquietante de sempre trabalhar às cegas pode custar quedas na produtividade, atrasos nas entregas, estresse, além de impactos negativos na retenção de talentos.

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Mas, na visão dos pesquisadores, tais índices não necessariamente pedem o fim do trabalho remoto. Conter o isolamento e todos os problemas que chegam com ele está muito mais relacionado à maneira de lidar com as circunstâncias do que ao próprio esquema de home office. Por ser uma forma nova de trabalhar, as empresas e funcionários ainda estão aprendendo a lidar com ele. Neste formato, já não cabem mais as regras do trabalho presencial.

O papel das lideranças é fundamental

O estudo apontou, por exemplo, aspectos relacionados aos líderes que poderiam ajudar a reverter este quadro. Para os entrevistados, chefes que estão sempre disponíveis e visitam regularmente seus subordinados são os mais bem sucedidos no gerenciamento de atividades à distância. “É a falta de proximidade com as pessoas que inibe a formação da confiança, da conexão e do propósito mútuo – três fatores importantes de um sistema saudável de sociabilidade”, escrevem os pesquisadores em artigo publicado na Harvard Business Review.

Mas e o que o trabalhador pode fazer para ajudar a evitar o isolamento comum nos trabalhos remotos? Na visão do trainer César Ayer, da consultoria Crescimentum, esta resposta passa por uma palavra-chave: disciplina. O funcionário precisa se programar e conseguir sempre um espaço na agenda para visitar empresas e parceiros, ir a feiras, combinar almoços de negócios e até participar de discussões interessantes no Facebook e no LinkedIn. “A pessoa não pode deixar de marcar presença no mercado. É aquela velha história: ‘quem não é visto não é lembrado’”, diz.

Nem todos gostam do convívio social

A coach Tayná Da Rocha Leite, da Self Desenvolvimento Humano, explica que nem todo mundo é facilmente afetado pela distância da empresa. Muitas pessoas trabalham melhor sem muito convívio social – nestes casos, o isolamento não é um fator que culmina em queda de produtividade, por exemplo. É por isso que, segundo a coach, o autoconhecimento é fundamental quando se começa a trabalhar remotamente. A pessoa deve descobrir o que a faz bem e quais são suas principais demandas.

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Se o indivíduo nota que a falta de proximidade com o escritório está atrapalhando suas atividades, é o momento de desenvolver ferramentas de autogestão, na visão de Tayná. Para ela, separar um tempo para sair e ser visto é tão importante quanto ver o mundo lá fora – e um bom caminho para isso é encontrar cafés com boa internet e um espaço aconchegante para trabalhar.

Fazer pequenas pausas no meio do trabalho para assistir a vídeos inspiradores, como uma TED, pode ajudar a dar um respiro novo ao seu expediente em casa. Realizar ligações ou reuniões virtuais frequentes também é bom, segundo a especialista.

Home office e empreendedorismo

Experiências mostram que a fórmula autogestão mais disponibilidade tem tudo para fazer um trabalho remoto decolar de vez. E isso serve até para quem quer empreender. Há quatro anos, a jornalista Glau Gasparetto e o marido, o estrategista digital Adriano Dias, resolveram trabalhar por conta própria, produzindo conteúdos para a internet.

A ideia do casal paranaense, que hoje gerencia a empresa infoMedia Digital e é responsável pelo site Vida Wireless, tem permitido a eles viajar o mundo e trabalhar de qualquer lugar. Pode parecer o paraíso, mas os empreendedores também tiveram que lidar com o fator isolamento. O que eles passaram a fazer? A se colocar disponível para clientes e fornecedores usando a tecnologia para isso.

Reuniões periódicas via Skype, Hangout ou Facebook tornaram a rotina dos dois agitada e cheia de compromissos e contatos sociais. E Glau, que ministra um curso sobre trabalho remoto, orienta a seus alunos que façam o mesmo e encontrem ao vivo, no mínimo, uma vez por semana pessoas relacionadas às atividades cotidianas. “Não estar fisicamente no dia a dia de uma empresa não pode significar ausência. E é preciso fazer valer esta presença”, defende Glau.

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