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Intercâmbio abre portas a estudantes de baixa renda

Noemi entrou no programa Bom Aluno em 2004, fez inglês de graça e fez intercâmbio nos EUA | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Noemi entrou no programa Bom Aluno em 2004, fez inglês de graça e fez intercâmbio nos EUA (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

Direcionar programas de intercâmbio para estudantes em condições financeiras desfavoráveis é uma tendência entre organizações independentes. Entre os critérios de seleção de candidatos em alguns programas estão a renda familiar e a matrícula em escola pública. Em Curitiba, alguns projetos da AFS Intercultura, organização não governamental internacional de intercâmbio, possibilitam semestres de estudo fora do Brasil com apoio de patrocinadores.

O programa Global Citizens of Tomorrow oferece 10 bolsas por ano para estudantes com renda familiar inferior a seis salários mínimos que cursam o ensino médio em escola pública, ou como bolsista integral em escola particular. Em 2014, quase mil candidatos se inscreveram. As ações "Programa Escolar" e "Viva – um outro lado da América Latina", que disponibiliza ao estudante um semestre escolar em países da região, também oferecem bolsas.

A estudante Paula Volkmann, de 17 anos, está terminando o terceiro ano do ensino médio. Ela embarca para a Costa Rica no início do ano que vem para passar seis meses estudando no país, pelo programa Viva da AFS Curitiba, lançado em setembro deste ao. "O intercâmbio vai muito além de apenas mais uma experiência para o currículo. Você ganha mais maturidade, independência e responsabilidade, sem falar nas amizades e no novo idioma que aprende", diz. Para concorrer à bolsa parcial, a instituição faz uma restrição quanto à renda familiar, que deve ser de, no máximo, seis salários mínimos.

O Programa Bom Aluno, que acompanha estudantes de baixa renda desde o sexto ano do ensino fundamental até a universidade, seleciona alunos de escolas públicas para receber acompanhamento com aulas de línguas (com apoio de escolas de idiomas em Curitiba) e reforço escolar. As aulas gratuitas de língua estrangeira possibilitam que os estudantes ganhem mais poder de competitividade em programas com o Ciência sem Fronteiras, que não faz seleção a partir de renda familiar. A seleção para bolsas de estudo inclui etapas como dinâmica de grupos, entrevista com a família e visita domiciliar. Para ser beneficiado, o estudante precisa ter notas acima de 7,0.

A engenheira ambiental Noemi Vergopolan Rocha, de 23 anos, entrou no programa em 2004. As aulas de inglês que conseguiu cursar gratuitamente da oitava série ao primeiro ano da faculdade facilitaram para ela a conquista de uma vaga no programa Ciência em Fronteiras em 2012, quando passou um ano e meio nos Estados Unidos e concluiu parte dos estudos na Universidade Estadual da Carolina do Norte.

"Minha família não teria condições de pagar curso de inglês desde quando eu era pequena", diz. Por quatro meses, ela também fez estágio na NASA, no Jet Propulsion Laboratory, em Los Angeles. "Sem dúvida, as línguas estrangeiras foram o meu diferencial para conseguir a bolsa de estudos e discutir assuntos complexos com os cientistas da NASA sem dificuldades", conta.

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