Ex-jogadores, jornalistas esportivos e ex-dirigentes de futebol foram se despedir do jornalista Aloar Ribeiro na tarde deste domingo (11), no Cemitério Água Verde, em Curitiba. Reconhecido com um dos principais profissionais do jornalismo esportivo do Paraná, Aloar faleceu após sofrer parada cardíaca quando caminhava nas proximidades de sua casa, no Jardim Botânico.
Ex-colegas de trabalho e ex-jogadores de futebol que conviveram com o jornalista desde os anos de 1950 falaram da importância do trabalho dele para a divulgação do futebol paranaense. “Comecei a trabalhar com o Aloar Ribeiro na Rádio Guairacá, hoje Banda B. Sempre foi um profissional ético, humilde. Ele não gostava nem de jantar com diretores de clubes para não comprometer a sua isenção no trabalho”, contou Gilberto Fontoura, que atuou em várias emissoras da capital e foi apresentador do Globo Esporte, na TV Paranaense, durante mais de 20 anos.
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O jornalista Walter Schmidt, que trabalhou em vários jornais e foi colega do jornalista na Gazeta do Povo, recordou as limitações que Aloar Ribeiro enfrentava para transmitir os jogos do interior, coisa inimaginável nos dias atuais com a internet. “Para garantir a transmissão de um jogo do interior ele tinha que reservar a linha telefônica com uma semana de antecedência, pelo menos. Algumas cidades, no horário do jogo, ficavam sem sinal de telefone para fora. Só havia uma linha disponível”, relata.
Craques dos anos 50, 60 e 70 fizeram questão de ressaltar que, apesar de ser torcedor do Coritiba, Aloar Ribeiro sempre soube separar sua paixão do trabalho profissional. O ex-atacante Luisinho, que jogou no Água Verde antes do clube se tornar o Pinheiros que, por sua vez, deu origem ao Paraná Clube, conservou amizade com o jornalista até os últimos atuais. “Eu era dono de uma lotérica no centro da cidade e sempre o Aloar passava por lá para a gente conversar”, relata.
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O perfil de um profissional que transitava em todos os setores do futebol paranaense é confirmado por Faiçal Kalil Farran, diretor financeiro da Federação Paranaense de Futebol por 16 anos. “Ele tinha contato com todo mundo, dirigentes esportivos, atletas, profissionais da crônica esportiva”, observou.
Além de narrar jogos e escrever para jornais impressos, Aloar Ribeiro apostava nas fotos para reforçar as reportagens que escrevia ou editava. O repórter fotográfico Urutides Borges trabalhou durante mais de 30 anos com o jornalista na Gazeta do Povo. Borges lembra que Aloar nunca deixava de pautar o que de mais interessante estava acontecendo nos clubes. “Se chegava um novo jogador nós tínhamos que estar lá para registrar a assinatura de contrato.”
Marcus Aurélio de Castro, colega de Aloar nos anos 50, na Rádio Marumbi, ressalta que o jornalista trabalhou com todos os grandes nomes da imprensa esportiva paranaense, alguns dos quais entraram para a política e fizeram sucesso, como o ex-prefeito de Curitiba Maurício Fruet. “Ele tinha as portas abertas em qualquer lugar do país. Era conhecido em São Paulo e no Rio e foi chamado várias vezes para trabalhar na capital paulista, mas preferiu ficar no Paraná.”
Edson Militão, que cobriu mais de 70 grandes eventos esportivos mundiais para a Gazeta do Povo – Copas do Mundo de Futebol, Copa das Confederações, Olimpíada, Pan, Copa América, Libertadores, Roland Garros – guarda fotos do início de sua carreira ao lado de Aloar Ribeiro. “Era sempre gratificante trabalhar com ele.”
Jornalistas de gerações mais novas também estavam presentes. Para muitos deles, como Pedro Chagas Neto, Edson Fonseca e Abonico Smith, a morte de Aloar Ribeiro representa a perda de um grande professor de jornalismo esportivo, um mestre da profissão.
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