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Petraglia, Marín, Gomyde, Del Nero e Bacellar em reunião na CBF que definiu a regra para punir clubes que não pagam salários. | Rafael Ribeiro/CBF
Petraglia, Marín, Gomyde, Del Nero e Bacellar em reunião na CBF que definiu a regra para punir clubes que não pagam salários.| Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Atraso de salário = perda de pontos no Campeonato Brasileiro. Mas para a equação, aparentemente simples, funcionar, o jogador vítima da inadimplência terá de ser o delator do próprio clube. A “solução” para buscar o fair play financeiro e trabalhista, tão debatido no futebol nacional, foi anunciada segunda-feira (2) após o congresso técnico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). E já nasceu contestada.

“Não tem chance nenhuma de funcionar. É uma situação que discutimos um monte com a CBF. Quem denunciar será retaliado depois. Eles mais uma vez mostram que não estão nem aí para o jogador”, cravou à Gazeta do Povo o ex-capitão do Coritiba, Alex, um dos líderes do movimento Bom Senso FC, cuja a responsabilidade orçamentária dos clubes é uma das principais bandeiras.

“Nós não fomos consultados. Depende de os atletas fazerem a denúncia. Quando é denuncista, tende a não funcionar, porque o atleta não tem motivos para acionar o clube. É o contrário: ele tem motivos para não denunciar. É difícil considerar um avanço. Vamos ver como vai ser na prática”, afirmou o diretor do Bom Senso, Ricardo Martins.

Não tem chance nenhuma de funcionar. É uma situação que discutimos um monte com a CBF. Quem denunciar será retaliado depois. Eles mais uma vez mostram que não estão nem aí para o jogador

Alex,ex-meia do Coritiba e um dos líderes do Bom Senso FC.

Apesar da aprovação unânime da medida, houve controvérsia entre cartolas sobre o formato e a aplicação ainda neste Nacional. O tema será debatido e incluído no regulamento da competição estabelecendo quais critérios serão adotados.

“O dirigente tem de trabalhar de acordo com a sua receita. Pode até haver um receio do atleta em um primeiro momento. Mas isso será sistematizado e vai obrigar os dirigentes a terem responsabilidade”, defendeu o presidente do Coritiba, Rogério Bacellar, presente no encontro, assim como presidente do Atlético, Mario Celso Petraglia.

“Acho que é uma boa. Muito bom, necessário. Acho que ninguém pode assumir compromissos maiores do que a sua capacidade de pagamento. Será nos mesmos moldes do que é adotado no Campeonato Paulista”, defendeu à Rádio Banda B, o presidente rubro-negro.

Na regra, para que a pena seja aplicada, os jogadores precisam denunciar seus empregadores. De acordo com o artigo 21 do regulamento do Paulistão, um clube que atrasa salários está sujeito a perder três pontos por partida disputada após a notificação do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) e o não cumprimento do pagamento.

Ao ser consultada, a Federação Paulista de Futebol citou à reportagem apenas denúncia feita por um grupo do Paulista de Jundiaí, em abril de 2013. Como há um prazo para a regularização, o clube teria acertado as contas e não foi punido.

Assim, greves e manifestações públicas, como a faixa usada pelos jogadores do Coritiba no Atletiba do Brasileiro de 2014 relevando dois meses de atraso na folha não seriam suficiente para punir o clube.

“Pode funcionar em alguns casos. Mas expõe o atleta”, afirmou o meia Lúcio Flávio, líder em campo e na briga contra os atrasos permanentes do Paraná. Apesar da exposição pública frequente dos problemas financeiros do clube, a postura estaria bem distante de uma denúncia formalizada capaz de comprometer toda uma campanha de uma equipe.

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