2015 foi o melhor ano da canoagem brasileira, mas ligou o alerta para o futuro. De um lado, a comemoração pelos dois ouros no Mundial de Milão, na Itália, ambos com Isaquias Queiroz – esperança de pódio na Olimpíada Rio-2016 –, nas provas de canoa C1 200m e C2 1.000m, junto com Erlon Souza. Do outro, a frustração pelo baixo quórum da base no Campeonato Brasileiro. No caiaque feminino, por exemplo, eram somente quatro competidoras na categoria cadete (15 a 16 anos).
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Para evitar um vácuo na formação de talentos justamente no ápice da modalidade no país, a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) iniciou semana passada o Programa Canoagem Brasileira 2024, que reúne os 16 melhores canoístas do Brasil entre 11 e 16 anos. O objetivo do projeto, que tem apoio do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Exército e patrocinadores da CBCa, é fortalecer a formação de atleta desses meninos em seus clubes e na própria seleção para que cheguem em alto nível à Olimpíada de 2024.
“Temos a chance de conquistar a primeira medalha olímpica da canoagem em 2016, mas nossa base está enfraquecida”, enfatiza Alvaro Koslowski, supervisor da canoagem de velocidade da CBCa e coordenador do programa. “Queremos que o legado da Rio-2016 não seja só medalha, mas a formação de mais atletas”, reforça o dirigente, que participou da primeira equipe do Brasil em Barcelona-92.
Os oito meninos e oito meninas de seis estados farão quatro estágios na base da CBCa no Parque Náutico do Iguaçu, no bairro Boqueirão, em Curitiba. Lá, terão contato com a equipe que se prepara para o classificatório da Rio-2016. “O objetivo é que esses meninos entendam a rotina de um atleta de alto rendimento, ainda mais em um período olímpico”, explica Koslowski. Além dos treinos, a equipe passará por avaliações médicas, físicas e técnicas.
O programa também dará suporte aos clubes nos sistemas de treinamentos, na estrutura e na gestão da base. A Canoagem Brasileira 2024 ainda pretende ampliar o número de competições nacionais de base. A equipe também participará do torneio Esperanças Olímpicas em 2017, em Portugal, que reúne jovens de diversos países.
Paranaense
O paranaense João Vitor Barbosa, 14 anos, é uma das apostas do programa. João começou a treinar em 2012, após ver um cartaz na escola. Gostou tanto que, quando não vai de carona na moto com o professor, percorre 26 km de bicicleta ida e volta para treinar na represa de Ribeirão Claro, no Norte Pioneiro, onde mora.
Atual campeão brasileiro de canoa C1 na categoria menor (13 a 14 anos) e fã do alemão Sebastian Brendel, ouro na prova C1 1.000m na Olimpíada de Londres-2012, João já sente evolução de sua técnica no programa. “Aprendi a girar melhor o tronco na remada e a firmar mais a perna. Quero evoluir até chegar na Olimpíada”, revela o garoto.
Pela observação inicial, João tem potencial. “Ele chamou a atenção por pegar rápido os movimentos”, aponta o técnico do projeto e da seleção olímpica Figueroa Conceição Souza que, com o currículo de quem descobriu em 2005 Isaquias Queiroz na pequena cidade de Ubaitaba, na Bahia, acredita que desse grupo sairão novos campeões mundiais. “Podem me cobrar daqui uns anos”, confia.
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