Um espectro sombrio pousou sobre a América: o fantasma do anticapitalismo. Jovens pegam carona no bonde socialista, e alguns ativistas bloqueiam a liberdade de expressão, como membros de um grupo chamado “Antifa”.
Este movimento dito “antifascista” promove protestos militantes e não hesita em recorrer à violência. Como parte da extrema esquerda, os membros do “movimento antifa” são “anticapitalistas” e “inimigos da direita” autodeclarados. Eles se descrevem como antifascistas, sendo que na realidade é o fascismo, mais que qualquer outra ideologia, que caracteriza seu movimento. Mas o que é o fascismo e qual é o conteúdo dessa ideologia?
O “Manifesto Fascista”
O Manifesto Fascista foi proclamado em 1919 por Alceste De Ambris e Filippo Tommaso Marienetti. Em seu panfleto, os autores reivindicaram uma carga horária diária de oito horas de trabalho e a criação de um salário mínimo, representação dos trabalhadores na direção das fábricas e paridade entre sindicatos, executivos industriais e funcionários públicos.
Os autores do Manifesto Fascista pediram tributação progressiva, seguro-invalidez e outros tipos de benefícios sociais, além da redução da idade de aposentadoria. O Manifesto também pedia o confisco dos bens de todas as instituições religiosas e a nacionalização da indústria armamentista.
Seus autores defenderam a criação de um sistema corporativista de “Conselhos Nacionais” formados por especialistas a serem eleitos por suas organizações profissionais e que exerceriam poder legislativo em suas respectivas áreas.
O socialista Benito Mussolini chegou ao poder na Itália em 1922 sob a bandeira do fascismo e implementou a maior parte do programa fascista do modo como fora proclamado no Manifesto Fascista alguns anos antes.
Comparação com o Manifesto Comunista
Uma comparação com o Manifesto do Partido Comunista, escrito por Marx e Engels e publicado em 1848, revela o parentesco entre fascismo e comunismo. O Manifesto Comunista de 170 anos atrás reivindicou:
- Tributação fortemente progressiva;
- Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital estatal e monopólio exclusivo;
- Centralização do sistema de transporte nas mãos do Estado;
- Unificação das terras aráveis da agricultura e da indústria, com a finalidade de gradualmente eliminar o contraste entre a cidade e o campo;
- Ensino público gratuito universal, eliminação do trabalho infantil nas fábricas em sua forma atual, união do ensino com a produção material.
De acordo com o Decálogo Comunista, os pontos que faltavam para se alcançar o socialismo pleno eram:
- Primeira exigência: desapropriação das terras em mãos de particulares e uso de sua renda básica para cobrir gastos estatais;
- Quarta exigência: Confisco dos bens de todos os emigrantes e rebeldes;
- Oitava exigência: Todos são igualmente obrigados a trabalhar; criação de um exército de trabalhadores, incluindo na agricultura.
Tanto o Manifesto Comunista quanto o Fascista foram ecoados no programa oficial do Partido Nazista, fundado em 1920.
Comparação com o Partido Nazista
O próprio Adolf Hitler estava presente quando foram anunciados os 25 pontos do programa do Partido Nazista, em 24 de fevereiro de 1920. O próprio termo “nazismo” diz tudo: é a abreviação de NSDAP, ou Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães).
Em 1925 a Assembleia Geral do NSDAP declarou imutável o programa de 1920, e em 1941 Adolf Hitler determinou que todos os futuros líderes do Reich se comprometeriam a promover os 25 pontos quando tomassem posse.
O programa do Partido Nazista inclui reivindicações como:
- Socialização de empresas monopolistas;
- Municipação das grandes lojas de departamentos;
- Desapropriação de terras para fins beneficentes;
- Prevenção da especulação imobiliária;
- Ampliação de todo o sistema de ensino;
- Um sistema amplo de escolas públicas gratuitas, ajudas de custo e bolsas de estudo generosas;
- Um meio ambiente limpo e a promoção da saúde e boa condição física dos cidadãos.
O programa do Partido Nazista também exigia:
- A abolição da renda fácil sem trabalho (item 11);
- O confisco dos lucros de guerra (item 12);
- Nacionalização de todos os trustes (item 13);
- Partilha dos lucros das grandes empresas (item 14);
- Ampliação generosa das aposentadorias (item 15);
- Criação de uma classe média forte (item 16);
- Uma reforma fundiária adaptada às necessidades nacionais, com uma lei de desapropriação gratuita de terras para fins beneficentes. A abolição do consumo de terras e a prevenção de qualquer especulação fundiária (item 17).
Na seção 20, o programa do partido previa que “o Estado deve assegurar a ampliação de todo nosso sistema nacional de ensino”, com a criação de um sistema amplo de subsídios à educação.
A seção 21 rezava que “o Estado tem o dever de ajudar a elevar o padrão de saúde nacional, oferecendo centros de bem-estar materno, proibindo o trabalho infantil, promovendo a boa condição física dos cidadãos com a introdução de esportes e ginástica compulsórios, e com o maior incentivo possível às associações que trabalham com a educação física dos jovens”.
Os nazistas pediram a criação de um “Exército do Povo” – não diferente do que foi promovido posteriormente pelos comunistas na Europa do leste e na Ásia.
Inimigos da liberdade
Essa seleção de reivindicações dos catálogos comunista, fascista e nazista mostra o alto grau de semelhança existente entre os pensamentos dessas três ideologias. O que os comunistas exprimem no slogan “de cada um segundo sua capacidade, a cada um conforme sua necessidade”, equivale à máxima nazista de que “o bem comum fala mais alto que o bem privado” (“Gemeinnutz vor Eigennutz”) e ao lema fascista “tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”. Assim, não surpreende que os governos comunistas, fascistas e nacional-socialista tenham atuado como regimes repressores que não promoveram prosperidade, igualdade ou paz, mas miséria, repressão e guerra.
Os atuais movimentos de esquerda que se definem como progressistas converteram o termo ao oposto de seu significado original, utilizando uma terminologia falsa para ocultar sua verdadeira agenda. Ao mesmo tempo em que se diz antifascista e declara o fascismo como sendo o inimigo, o próprio Antifa é o maior movimento fascista.
Seus membros não são adversários do fascismo, mas são, eles próprios, seus representantes genuínos. Comunismo, socialismo e fascismo são unidos pelo elemento comum do anticapitalismo e antiliberalismo.
O movimento Antifa é um movimento fascista. O inimigo desse movimento não é o fascismo, mas a liberdade, paz e prosperidade.
*Antony Mueller é professor alemão de economia que hoje leciona no Brasil. É autor de “Beyond the State and Politics. Capitalism for the New Millennium” (2018).