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Fachada do prédio principal da Bauhaus na cidade de Dessau | Letícia Kaniak/Divulgação
Fachada do prédio principal da Bauhaus na cidade de Dessau| Foto: Letícia Kaniak/Divulgação

Sonho realizado

São 90 anos de história e, ainda hoje, a Bauhaus causa fascínio entre estudantes e profissionais de áreas como arquitetura e design. Que o diga a arquiteta paranaense Leticia Kaniak. Formada pela Pon­tifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), ela estudou na universidade Bauhaus Dessau entre 2004 e 2005, onde fez um curso de pós-graduação, e hoje mora na cidade de Rheinsberg, na Alemanha.

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Inspiração

A influência no Brasil

Com grande influência na arquitetura moderna, a Bauhaus rendeu prédios conhecidos – e admirados – em vários países, como o Pavilhão Barcelona, na Espanha, a Casa dos Mestres e os próprios prédios da Bauhaus em Weimar e Dessau, na Alemanha.

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  • A arquiteta Leticia Kaniak no interior do prédio da Bauhaus em Dessau, onde estudou entre 2004 e 2005

Há 90 anos, um grupo de professores e alunos universitários começava a chamar a atenção na Alemanha com algumas ideias "estranhas": em vez da arte de salão e das criações cheias de enfeites, por que não apostar em obras funcionais, bonitas e baratas? Ali nascia a Bauhaus, uma escola tão inovadora que, ainda hoje, mantém-se revolucionária. Fundada em 1919 por Walter Gropius, na cidade alemã de Wei­mar, a Escola Estatal de Bauhaus (do alemão "casa da construção") se dedicava ao ensino da arquitetura, das artes e, de forma pioneira, do design a partir de atividades que conciliavam a criação de prédios e objetos com noções de comunicação visual, artes aplicadas, moda, teatro, fotografia e cinema. Com uma didática tão inovadora, professores altamente capacitados e uma boa dose de ousadia, a Bauhaus produziu uma revolução na forma de ver e produzir arte.Tendo como principais representantes nomes como Mies van der Rohe, Mar­­­­cel Bre­­uer, Jo­­­­sef Al­­­bers, Was­­­sily Kan­­­­­­­­­­dinsky e Paul Klee, a Bauhaus ba­­­­seava seu trabalho na conceito de criar "novas ideias e maneiras de fazer". "O objetivo era criar uma estética condizente com os novos tempos. Por isso, a Bauhaus se preocupava em conciliar forma e função, criando produtos que fossem úteis, baratos, bonitos, com forte apelo comercial e capazes de serem produzidos em série pelas indústrias", afirma Claudionor Beatrice, professor do departamento de Arquitetura da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).Mais do que a revolução estética, a Bauhaus também foi responsável por instituir uma nova didática nos cursos de Arquitetura e Design. "Lá, os alunos participavam de oficinas em que aprendiam produzindo suas próprias peças, um método que, até hoje, é inovador", explica o arquiteto Fernando Vázquez, que desenvolveu sua tese de doutorado sobre Mies van der Rohe. Além disso, havia módulos de atividades específicas com cada tipo de material, como tecido, metal, madeira e vidro, e a proposta era que os alunos tivessem a possibilidade de conhecer e dominar todos esses materiais para serem capazes de produzir objetos com autonomia. "Isso foi tão inovador que, hoje, consideramos normal uma faculdade preparar seus alunos para os desafios do mercado de trabalho. Naquela época, era um choque", completa.

EstéticaQuanto à arquitetura, a Bauhaus defendia construções feitas de maneira racionalista, com ângulos retos e formas ligadas a volumes, como esferas, cubos e cilindros, o que era uma novidade. "Ela ainda valoriza a relação custo-benefício e lança a noção de que arquitetos e designers devem sempre encontrar formas de economizar e racionalizar os materiais para evitar perdas em suas construções. É a mesma preocupação atual de como produzir o melhor gastando o mínimo", comenta Claudionor Beatrice.

É justamente a partir dessa nova perspectiva de racionalização do uso de materiais que a Bauhaus cria uma nova área de atuação: o design. "Não é exagero dizer que ela inventou a profissão de designer. Isso porque, de forma inédita, tanto professores quanto alunos tinham de criar a partir de uma preocupação em produzir formas que se adequassem às necessidades da indústria, o que hoje é função dos designers", explica o professor Renato Bertão, coordenador do curso de Design - Projeto Visual da Uni­ver­si­dade Positivo (UP).

Para Margareth Pereira, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Fede­ral do Rio de Janeiro (UFRJ), a Bau­haus inovou ao não se limitar a cons­­truir casas e prédios, mas também produzir objetos para mobiliar esses espaços. "Pela primeira vez, se nota a preocupação em criar utensílios para a vida cotidiana", diz. As­­sim, os alunos eram incentivados a desenvolver desde pratos, panelas e talheres, até cadeiras, poltronas e camas, sempre prezando pela conciliação entre beleza estética, praticidade e preço acessível.

Margareth argumenta que é justamente essa preocupação com todos esses detalhes que fazem com que, após 90 anos, a arquitetura e o design lançados pela Bauhaus continuem muito atuais. "É clássica, atemporal e tem uma capacidade de renovação incrível. Parece que nunca envelhece. Ainda hoje suas obras passam uma impressão de modernidade. Certamente muitas gerações ainda poderão ver as criações da Bauhaus e se admirar com a atualidade de seu visual", diz.

Exposição

Sensacional. É assim que Elis Ribas, aluna do curso de Publicidade da Universidade Positivo (UP), define a experiência de fotografar a Bauhaus de Weimar. A viagem fez parte de um projeto desenvolvido em parceria entre as duas instituições que possibilitou que Elis e mais nove colegas fossem até a Alemanha conhecer e fotografar a Bauhaus. "Uma coisa é abrir o livro e ver uma foto dos cômodos da casa de Walter Gropius. Outra coisa é ter a emoção de abrir a porta e entrar no quarto que ele próprio projetou. Não há palavras para descrever como é estar diante de todas aquelas construções e objetos que vimos nos livros em sala de aula", comenta a estudante.

O resultado da iniciativa foi tão positivo que deu origem à exposição "Um olhar brasileiro sobre a Bauhaus", uma homenagem aos 90 anos da revolucionária universidade alemã a partir de painéis com 200 fotos tiradas pelos dez alunos da UP que foram a Weimar. "Essa é uma data única e muito importante, então tínhamos de comemorar", explica Ricardo Macedo, professor e coordenador-adjunto do curso de Publicidade da UP e organizador da mostra.

Serviço: A exposição fotográfica "Um olhar brasileiro so­­­bre a Bauhaus" pode ser visitada até 31 de outubro no hall do Teatro Positivo – Pequeno Auditório. Todos os dias, das 8h às 22h. A entrada é gratuita. Mais informações pelo telefone (41) 3173-3280.

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