Um manto coberto por rios de lava negra e vermelha, uma paisagem formada por vulcões adormecidos e um assombroso mar de dunas que mudam de lugar: a riqueza da Reserva da Biosfera El Pinacate e Grande Deserto de Altar é tal que a Unesco (órgão das Nações Unidas para educação, ciência e cultura) a declarou recentemente como Patrimônio da Humanidade.
"É praticamente como conhecer o Saara", explicou o subdiretor da reserva, Horacio Ortega, em um encontro com jornalistas no fim de semana passado.
A reserva localizada no estado de Sonora, no noroeste do país, tem como particularidade a presença das dunas estrelas, consideradas "únicas no mundo" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês).
As dunas convivem com enormes cactos chamados saguaros, cujos braços parecem imitar caprichosamente as formas humanas.
Apesar do clima árido do deserto que pode ultrapassar os 60ºC a reserva conta com uma variada fauna que inclui, entre outros, o carneiro selvagem, coiotes, os velozes antilocapras, o veado e os morcegos-celestes.
"Essas espécies se adaptaram aos climas extremos e normalmente vivem de noite para evitar o calor do dia", explicou Ortega.
Tudo no deserto do Altar tem um fim: um saguaro morto, uma das espécies de cacto que predominam na área, gera nova vida para insetos e outros seres vivos que se refugiam em seus restos.
Desta forma, El Pinacate consegue se sustentar sozinha, mas, para "operar melhor", necessita aumentar seu orçamento, explicou o engenheiro e diretor da reserva, Federico Godinez Leal.
"A denominação da Unesco de Patrimônio da Humanidade exige que o governo federal forneça os recursos necessários para a conservação, conhecimento e cultura", disse Godinez, que acrescentou que o desafio começa agora.
Desde que foi nomeada como Reserva da Biosfera em 1993, a área aumentou notavelmente seu número de visitantes.