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Regiões remotas do Nepal vivem crise após terremoto

Katmandu/Nova Délhi, 29 abr (EFE).- As regiões mais remotas afetadas pelo terremoto de 7,8 graus de magnitude na escala Richter que atingiu o Nepal no sábado sofrem a maior crise humanitária após a catástrofe, devido às dificuldades de acesso dos serviços de resgate nessas áreas.

Bimal Shrestha, que vem de um vilarejo situado no distrito de Sindhupalchwok, afirmou nesta quarta-feira à Agência Efe em Katmandu que o terremoto e os tremores posteriores derrubaram cerca de 800 casas na região, onde morreram pelo menos cem pessoas.

“Visitei diferentes autoridades do governo, mas nenhuma equipe de resgate foi mobilizada” para ir ao local, explicou Shrestha, que inclusive tentou alugar um helicóptero privado para levar suprimentos de primeira necessidade para as pessoas.

“Consegui alugar um helicóptero e carregá-lo com alimentos, mas o piloto deu marcha à ré porque o governo quer que todos os helicópteros voem sob ordens governamentais”, relatou o nepalês.

A falta de acesso das equipes de resgate às áreas mais remotas é cada vez mais agravante com passar das horas, pois a chance de achar pessoas com vida entre os escombros diminui.

O porta-voz do Ministério do Interior nepalês, Laxmi Prasad Dhakal, declarou à Efe nesta quarta-feira que as autoridades não são “capazes de calcular a situação” geral da catástrofe, “já que comunidades inteiras de regiões remotas ficaram danificadas”.

“Não sabemos quanta gente havia nesses lugares quando aconteceu o terremoto”, comentou o porta-voz, que avisou que “o número de mortos é de mais de cinco mil, mas que ainda pode ser de mais milhares”.

Dhakal acrescentou que, por enquanto, 1.120 feridos foram transportados em helicópteros a Katmandu para receber atentimento médico.

Na Índia, onde fica a maior comunidade de nepaleses no exterior, cidadãos do país do Himalaia com parentes regiões remotas veem com preocupação a situação, pois ainda não conseguiram se comunicar direito com os isolados.

“Todos estão na rua, a casa foi totalmente destruída, muito rápido, mas puderam sair a tempo”, contou Sham Shrest, um cozinheiro de 25 anos que trabalha em um restaurante de Nova Délhi.

Shrest vem do vilarejo de Taruka, no distrito de Nuwakot, situado nas montanhas e a duas horas por estrada de Katmandu, e afirmou aliviado que sua mãe, sua mulher e seus quatro irmãos estão bem, mas sem eletricidade e incomunicáveis.

“Muitos animais morreram, vacas, cabras, cachorros. Porque as pessoas saíram correndo das casas, sem tempo para tirá-los”, relatou o cozinheiro, descrevendo o impacto da tragédia também para os criadores de gado e camponeses.

Seis dos companheiros de Shrest na cozinha do restaurante em que trabalham, no sul de Nova Délhi, também são nepaleses e alguns decidiram viajar ao país para ajudar as famílias.

Um deles é Sham Manshrest, que conseguiu chegar na segunda-feira ao Nepal, após dois dias na estrada, para ficar com a mulher e os dois filhos pequenos, que estão na rua após terem a casa destruída.

A catástrofe levou ao limite um país muito pobre e com um governo sem recursos, cujo primeiro-ministro, Sushil Koirala, admitiu que a resposta das autoridades ao terremoto não foi adequada.

Esse foi o terremoto de maior magnitude no Nepal em 80 anos e o pior na região em uma década desde que outro tremor causou mais de 84 mil mortos na Caxemira em 2005. EFE

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