Recentemente, vimos o Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, prestes a fechar suas portas e privar o público do acesso a tesouros arqueológicos que são Patrimônio Cultural da Humanidade. Foi uma situação extrema desencadeada pela escassez de recursos e dificuldades de gestão. O episódio foi só uma amostra de problemas estruturais relacionados à vulnerabilidade dos parques brasileiros e à ameaça que isso representa para a manutenção do nosso patrimônio ambiental e cultural.
Os desafios para a gestão dos parques não são exclusivos do Brasil. A diferença está nas saídas encontradas. Bons exemplos vêm dos Estados Unidos, Nova Zelândia e África do Sul, que incrementaram a gestão dos seus parques justamente com maior ou menor envolvimento da iniciativa privada em atividades de turismo e conservação.
É possível conjugar interesse público e qualidade de gestão privada
O Brasil, entretanto, apenas dá seus primeiros passos nessa direção. Ao menos três concessões em parques brasileiros – Parque Nacional do Iguaçu (PR), Parque Nacional da Tijuca (RJ) e Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PE) – já apontam o potencial de sucesso. Apenas nas Cataratas do Iguaçu, o número de visitantes dobrou: em 1998, no início da concessão, a média era de 760 mil pessoas por ano e, em 2015, chegou a cerca de 1,6 milhão.
Não há segredos. É possível conjugar interesse público e qualidade de gestão privada com geração de oportunidades econômicas e oferta de saúde e bem-estar para toda a sociedade. Basta que os contratos firmados respeitem a vocação de cada parque e a política pública pretendida para essas áreas, promovam o desenvolvimento local e garantam a sustentabilidade financeira para os parceiros privados.
A expansão desse debate abrirá um caminho seguro para atrair investimentos e garantir eficiência para os parques brasileiros. Eles precisam disso para realizar plenamente as razões de sua existência: conservação da biodiversidade, desenvolvimento socioeconômico e promoção do uso público.
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