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 | Ricardo Stuckert
| Foto: Ricardo Stuckert

O fim do processo do tríplex no Guarujá em primeira instância, que terminou com a condenação a nove anos e meio de prisão em regime fechado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não significa que os problemas do petista com o juiz federal Sergio Moro chegaram ao fim. O tríplex, inclusive, parece ser o menor dos problemas do ex-presidente entre todas as acusações que pesam contra ele na Justiça Federal de Curitiba.

No caso julgado recentemente por Moro, o Ministério Público Federal (MPF) acusava o ex-presidente de receber propina da OAS através da compra e reforma do imóvel. Os procuradores conseguiram uma condenação, apesar de não haver provas materiais de que Lula era o proprietário do imóvel.

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Lula foi visto poucas vezes no imóvel, o que poderia ser explicado como visitas para decidir se adquiriria ou não o tríplex, nunca dormiu lá, não tinhas as chaves, nenhum documento assinado pelo ex-presidente levava a crer que ele poderia ter a posse do imóvel, não havia fotos dele utilizando o espaço. Mesmo assim, Moro decidiu condená-lo por corrupção e lavagem de dinheiro.

Se a defesa não conseguiu convencer o juiz de que Lula não tinha nada a ver com o tríplex, a tendência é que a situação do petista fique mais complicada nos demais casos que estão na mão de Moro.

Em um deles, O MPF acusa o ex-presidente de irregularidades na compra, pela Odebrecht, de um terreno para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula. Apesar do imóvel não ter sido construído e o terreno até hoje estar inutilizado, Lula vai precisar explicar sua estranha relação com a empreiteira. Os executivos da empresa firmaram acordo de colaboração premiada e os depoimentos complicam a vida do ex-presidente.

Um dos executivos contou que a Odebrecht estudou mais de duas dezenas de imóveis para construir uma nova sede do Instituto Lula, além de um projeto de reforma da atual.

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No mesmo processo, o MPF aponta irregularidades no aluguel do apartamento vizinho ao que o ex-presidente mora, em São Bernardo Campo. De acordo com a denúncia, a nova cobertura, que foi utilizada por Lula, foi adquirida no nome de Glaucos da Costamarques – parente do pecuarista e amigo pessoal do ex-presidente José Carlos Bumlai –, que atuou como testa de ferro de Lula. Os procuradores sustentam que a ex-primeira dama Marisa Letícia chegou a firmar um contrato fictício de aluguel com Costamarques, mas que nunca pagou o valor acertado no documento.

Sítio em Atibaia

Moro ainda deve decidir se aceita uma nova denúncia do MPF, referente ao sítio em Atibaia. Segundo os procuradores, as empreiteiras OAS, Odebrecht e Schahin repassaram R$ 1 milhão ao ex-presidente para custear reformas na propriedade.

Parte das propinas pagas pelas empreiteiras – cerca de R$ 870 mil – teria sido lavada com as reformas, obras de benfeitorias e aquisição de móveis para o sítio de Atibaia, todas feitas para beneficiar e adequar o imóvel às necessidades da família de Lula. Outra parte da propina foi objeto de lavagem de dinheiro, por intermédio de José Carlos Bumlai, para reformas estruturais e de acabamentos do sítio. Isso teria custado R$ 150,5 mil.

O sítio está oficialmente em nome de Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho, mas uma perícia no local no ano passado revelou que só havia objetos pessoais de Lula e da ex-primeira dama Marisa Letícia no local.

Ao menos cinco delatores da Odebrecht relataram à Procuradoria-Geral da República detalhes sobre a reforma feita no sítio. Entre eles, o patriarca da família, Emílio Odebrecht, disse ter informado Lula sobre o andamento da obra em reunião no Palácio do Planalto. Também delator, o engenheiro Emyr Diniz Costa Júnior afirmou ter comprado até um cofre para guardar o dinheiro usado para reformar o imóvel.

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