A Polícia Federal indiciou criminalmente por suposto recebimento de propinas nas obras do Estádio da Fonte Nova o ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT), alvo nesta segunda-feira (26) da Operação Cartão Vermelho. Também foram enquadrados o secretário da Casa Civil do Estado, Bruno Daulster, e um empresário no inquérito que investiga desvios no empreendimento, situado em Salvador. Os três foram alvo de mandados de busca e apreensão na Cartão Vermelho.
O ex-governador da Bahia teve sua residência e seu gabinete na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo do estado vasculhados. A PF apreendeu 15 relógios de luxo na casa de Wagner, mídias, computadores e documentos. A PF suspeita que o petista tenha levado R$ 82 milhões, em propina e doações não declaradas, de valores desviados das obras do estádio. O ex-governador chefiou o estado entre 2007 e 2014.
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Segundo a delegada Luciana Matutino Caires, em 2009, o superfaturamento das obras ultrapassava os R$ 200 milhões. O valor atualizado, afirmou, está em cerca de R$ 450 milhões. A investigação mira irregularidades na contratação dos serviços de demolição, reconstrução e gestão do estádio da Copa 2014. A Polícia Federal identificou que ‘a licitação que culminou com a Parceria Público Privada nº 02/2010 foi direcionada para beneficiar o consórcio Fonte Nova Participações – FNP, formado pelas empresas Odebrecht e OAS’.
“Em razão das delações da Odebrecht e de material apreendido na OAS, nós verificamos que de fato o então governador recebeu uma boa parte do valor desviado do superfaturamento para pagamento de campanha eleitoral e de propina”, afirmou a delegada Luciana Matutino Caires.
“Havia dois intermediários, seja pela OAS seja pela Odebrecht que também foram alvo de busca nesta data. Um destes intermediários é o atual secretário da Casal Civil do Governo do Estado da Bahia e outro é o empresário muito próximo do então governador e também foi alvo de busca nesta data”, afirmou a delegada.
Em nota, a PF informou que ‘dentre as irregularidades já evidenciadas no inquérito policial estão fraude a licitação, superfaturamento, desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro’.
Outro lado
“A gente ainda não teve acesso integral ao inquérito. Do que a gente tem conhecimento, é que esses valores são valores feitos de modo aleatório, há uma fragilidade na elaboração dessas contas. São factoides, são inverdades. Ele está muito tranquilo com relação a isso, porque jamais houve essa situação. Está absolutamente tranquilo em relação a isso”, disse o advogado Pablo Domingues, que defende Jacques Wagner.
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