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Uma das vítimas da ideologia e da pós-verdade

Por Sergio Renato de Mello, publicado pelo Instituto Liberal

Quero começar com uma pergunta: por que, na visão dos progressistas e dos “neutros”, somente é verdade o que eles dizem e as publicações de conservadores e reacionários são mentiras?

Surgem esses tipos de comentários no dia-a-dia. Claro que comentário desse tipo não fez aparecer um pontinho sequer de dúvida em minhas convicções. Muito pelo contrário, elas somente se reforçaram e me motivaram a escrever esse texto. Além disso, o reforço foi em cima de uma convicção em particular, a de que os progressistas e os politicamente corretos não enxergam um palmo além de seus próprios narizes.

Primeiramente, explicando o título do texto, recuso-me a falar em ideologias, no plural. Logicamente, isso tem uma explicação plausível e convincente. Não se pode falar em ideologia que não seja a comunista ou socialista. Inexiste ideologia de direita ou que o conservadorismo seja uma ideologia.

João Pereira Coutinho deixa isso bem claro em seu blog na internet: “Conservadorismo: quando alguém é acusado de sofrer da maleita, não se pretende afirmar que a infeliz criatura adere a um conjunto válido e racional de ideias ou valores que definem uma ideologia política. Ao conservador não se aplica o mesmo tipo de tolerância ética ou epistemológica que se concede ao liberal, ao socialista e até, Deus seja louvado, ao comunista impenitente.”.

Ser conservador não é ser ideológico. Só se pode falar em ideólogos de esquerda, nunca de direita ou conservadores. O máximo que se pode falar é de ideólogos reacionários, assim entendidos aqueles que olham para um passado de uma forma ideal, utópica, desprezando o presente, como assim também o fazem os ideólogos de esquerda, que enxergam o futuro de uma maneira idealizada ou romântica. Conservadores não são reacionários e, portanto, não são ideólogos por consequência.

Ora, não se pode falar em conservadores ideólogos porque eles veneram o presente para conservá-lo para uma vida melhor e sem desconsiderar a possibilidade de mudanças ou de reformas. O conservador não é contra reformas. Ele é contra reformas imprudentes, imprevidentes e que militam contra o ser humano em algum aspecto ou contra nossa lei natural ou moral, que tem no indivíduo isoladamente considerado ou em convivência sem problemas externos (como por exemplo o Estado) a mais duradoura e eterna forma e viver. O conservador sabe das limitações humanas e não as desconsidera no momento de tomar alguma decisão importante para si, para o povo ou para um mundo inteiro.

É a ideologia socialista ou comunista que produz suas próprias vítimas, apesar de dizer que o ideal que prega seja para defendê-las. Essa ideologia tem nas suas vítimas o destinatário da proteção que ela mesma traz, mas é ela que acaba as produzindo. É a própria ideologia comunista que fabrica as suas vítimas. Por outro lado, falo em “vítimas” apenas para deixar claro o texto. Não se pode falar em vítima quem voluntariamente e supostamente são é capaz de tomar decisões sobre seu caminho de vida sem qualquer tipo de coação.

Isso é facilmente perceptível num olhar na internet. A estratégia da era da pós-verdade, um dos tentáculos da modernidade tirânica, é fazer com que as pessoas não acreditem em mais nada.

Quando as postagens de grupos de direita ou conservadores trazem aparentemente situações ou fatos que não parecem ser reais ou plausíveis de acontecimento, isso gera uma desconfiança em quem os analisa, sobretudo quando quem assim os observa é vítima do politicamente correto ou da ideologia socialista. Essas pessoas acham que tudo isso é fake news. Uma postagem, por exemplo, de um cristão sendo assassinado, por ser cristão, no Iraque, na Nigéria ou na Síria, soa para os comunistas e politicamente corretos como mais uma postagem sensacionalista e mentirosa. Uma outra postagem, outro exemplo, ou um texto, dando conta da pretensão de um ser humano de virar galinha, um animal, é visto mais ainda com descaso e com desconfiança total, um descrédito. João Pereira Coutinho nos trouxe esse exemplo na sua última coluna da Folha de São Paulo, ontem (dia 23), assim intitulado: “Se uma pessoa acredita ser galinha, por que não respeitar?”.

Para os progressistas e modernos, tudo isso parece bobagem de quem quer aparecer na internet. Acham que é mentira ou fazem de conta que assim pensam. Porém, dizer que o que a direita ou o conservadorismo produz é mentira e que as verdades vêm somente da esquerda ou do progressismo é informar outra, digamos, mentira.

Essas imaginárias aparências de mentiras que a direita ou o conservadorismo produz são verdades, são fatos. Entretanto, quando o assassinado ou atingido é um negro, um homossexual, uma mulher, um muçulmano (ou outro com religião anti-cristã), um socialista romântico ou idealista, um imigrante, aí a coisa muda de figura. Tudo passa a ser verdade.

É um trabalho psicológico da ideologia comunista ou socialista que está dando certo, por mais incrível que possa parecer, que quer fazer das chamadas “vítimas” as suas próprias vítimas, vítimas de um engodo que retroalimenta a luta de classes e ascensão ao poder. Na época das revoluções isso não deu muito certo porque o trabalho armado desperta a desconfiança e uma certa defesa contra a violência cruel, consentida e sangrenta. Antonio Gramsci começou dizendo que essa mudança de mentalidade que culmina na hegemonia cultural deve ser realizada no sofá e na mesa de casa, na escola, nos botecos, na igreja, nos clubes, enfim, na vida cotidiana e de forma imperceptível para que, a partir de um certo momento em que as coisas parecerem normais, o Estado passe a tomar a liberdade do indivíduo de assalto em prol da ideologia totalitária.

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