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Patrimônio cultural

A memória de Stenzel precisa de casa nova

Erguida em 1928, residência foi remontada em 1998 no parque para virar museu. Falta dinheiro à Fundação Cultural para recuperá-la | Walter Alves/ Gazeta do Povo
Erguida em 1928, residência foi remontada em 1998 no parque para virar museu. Falta dinheiro à Fundação Cultural para recuperá-la (Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo)

Não foi bem sucedida a ideia de desmontar a casa do artista Erbo Stenzel, que ficava na Travessa Francisco Lima e Silva, no bairro São Francisco, e levá-la para o Parque São Lourenço, em 1998. As condições de umidade a que foi exposta a residência de madeira têm prejudicado a estrutura, forçando a Fundação Cultural de Curitiba, responsável pelo imóvel, a fechar em 2009 o museu que funcionava no local.

Hoje são tomadas algumas medidas para a manutenção do espaço, como a limpeza interna, a poda das árvores no entorno e a limpeza das calhas. Mas o que a pequena casa cor-de-rosa precisa mesmo é de uma restauração, ainda sem data para começar por falta de orçamento.

Stenzel morou no imóvel até ficar bem velhinho e, sem autonomia, acabar no Lar Dona Ruth. Morreu em 1980. A casa que hoje está sucumbindo já resistiu bravamente a um empreendimento que quase não deu certo. Ela deveria abrigar uma loja de decoração do cunhado de Stenzel. Mas, logo ao ser erguida, em 1928, ela fraquejou (as paredes cederam e foram amarradas), o que fez com que o empreiteiro desistisse da ideia de montar justamente uma loja de decorações e pinturas num local que havia sido mal projetado.

Exposição

Stenzel não se importou com tudo isso e morou na residência, que resistiu bravamente inclusive à desmontagem e à remontagem no Parque São Lourenço. Transferida para o atual endereço, ela expunha obras do artista, como peças originais, réplicas de esculturas e documentos que contavam a trajetória dele. Em 2009, foi fechada e todos os itens do acervo foram devolvidos à Secretaria de Estado da Cultura: as cerca de 100 peças pertencem à família dele, mas estão em comodato com o governo.

O Paraná tem ainda outras 900 peças de Stenzel doadas ao acervo do Museu de Arte do Paraná, repassadas ao Museu Oscar Niemeyer (MON). Atualmente as peças compõem uma exposição permanente no MON (alguns dos objetos pertenceram ao ateliê de Stenzel).

"Digo que ele foi o mais tecnológico dos artistas, pois não fundou um estilo próprio, mas se preocupou em bem aplicar a técnica da gravura e da expressão. Deve ter sido um dos únicos professores da Embap [Escola de Música e Belas Artes do Paraná] a trabalhar com figuras humanas", diz a artista plástica e pesquisadora Didonet Thomaz, estudiosa de Stenzel.

A Fundação Cultural de Curitiba afirma que "não tem medido esforços para encontrar alternativas e fontes de financiamento para iniciar o restauro, a fim de que o local volte a funcionar e a receber o público outra vez."

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