O suposto esquema de extorsão do bruxo Chik Jeitoso - nome artístico de Luiz Antonio Pereira Ferreira - e do advogado e ex-secretário de Trânsito de Curitiba Marcelo Araújo envolviam boletins de ocorrência de denúncias que seriam falsas e uma rede de perfis no Facebook e Twitter para replicar o conteúdo difamatório. O objetivo era forçar empresários a fazer pagamentos que chegavam a R$ 5 milhões. O esquema está descrito na denúncia encaminhada à Justiça pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR). Chik Jeitoso e Araújo estão presos preventivamente no Complexo Médico Penal de Pinhais.
- INFOGRAFIA - veja como funcionaria o esquema de extorsão do bruxo e advogado segundo o MP
Segundo o MP-PR, os acusados agiam sempre de forma semelhante: primeiro, identificavam uma mulher, que registrava boletim de ocorrência na Polícia Civil, alegando que teria sido estuprada por um empresário, que viraria o alvo das tentativas de extorsão. Em seguida, Araújo e outro advogado entravam em contato com os advogados dos empresários e pediam dinheiro para não divulgar o suposto caso de estupro.
Enquanto transcorriam as negociações, Chik Jeitoso começava a replicar postagens com conteúdo “difamatórios, caluniosos ou injuriosos” contra os empresários. Para isso, o bruxo contava com uma rede de perfis em redes sociais. A transcrição de uma conversa telefônica com um advogado indica que o acusado mantinha 200 contas no Twitter e 400 no Facebook para viralizar as postagens.
“Depois que acertar [que fizer o pagamento], o que tiver na minha conta, eu tiro. O que tiver nos meus 200 twitters e o que tiver nos meus 400 Facebook, eu tô dando ordem para os meus filhos tirarem, porque tem coisa de muitos anos”, consta da transcrição de um diálogo do bruxo com o advogado de uma das vítimas.
Na conversa que consta da denúncia, Chik Jeitoso se compromete ainda a não fazer novas postagens relacionadas ao empresário. “Aqui é palavra de homem e pode dar um tiro na minha boca e na minha cabeça se eu não parar de falar”, disse, na gravação.
Quarta-feira (4), o advogado do bruxo Chik Jeitoso, Ygor Salmen, afirmou que já analisou a denúncia proposta pelo Ministério Público e que não viu elementos que comprovem que houve extorsão. “Se for analisado com cautela, todo conteúdo deixa muita dúvida em relação a existência de crime”, explicou. Nesta quinta-feira (5), a reportagem não conseguiu contato com o defensor.
Já o advogado Gustavo Sartor, que defende o ex-secretário Municipal de Trânsito, afirmou que não pode comentar o caso em razão do sigilo decretado no processo.
Ex-prefeito também foi vítima
Além de tentar extorquir dois empresários, o grupo também é acusado de ter pedido R$ 10 milhões ao ex-prefeito Gustavo Fruet (PDT). Segundo o MP-PR, o dinheiro teria sido cobrado em razão de uma macumba que Chik Jeitoso teria feito para que Fruet vencesse a eleição municipal de 2012. O valor foi solicitado por Araújo ao advogado do ex-prefeito.
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